De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias

Pedras da morte em Rondônia

01/11/2003

Fonte: A Tribuna-Rio Branco-AC



Um genocídio silencioso está acontecendo no interior de Rondônia, juntando em um mesmo balaio a explosiva mistura de corrupção, riqueza, ataque ao meio ambiente, índios e, principalmente, diamantes.

Rondônia tem a maior jazida de diamantes do mundo, segundo avaliações de geólogos independentes, e de uma qualidade superior aos da costa oriental da África, que fazem a fortuna das grandes corporações de lapidadores.

Acontece que estes diamantes estão dentro da reserva indígena dos Cintas Largas, que deveriam ser tutelados e protegidos pela Funai e o governo federal. Aí começam os problemas. Primeiro, os índios venderam licenças de exploração a garimpeiros, por valores de até R$ 50 mil. Uma bagatela, pois é voz corrente que os diamantes são tão abundantes e fáceis de ser recolhidos que, após uma simples chuva, eles refulgem ao sol.

Os garimpeiros, que descobriram, abriram a reserva e estão sendo substituídos por grandes grupos empresariais, alguns com notórias vinculações políticas poderosas no Estado e na região, com tentáculos que chegam a escalões importantes de órgãos federais em Brasília, não só no Executivo. Estes grupos expulsaram, com o apoio dos índios, os garimpeiros que estavam na região e os que resistem são sumariamente eliminados. No último fim de semana, pelo menos seis mores foram confirmadas, embora se fale em mais de vinte corpos jogados em uma vala aberta dentro de uma das grutas da região.

Funcionários de uma força-tarefa da Funai estariam fazendo vista grossa à ação destes grupos políticos e a estimativa, feita pelo deputado Haroldo Santos (PP-RO), presidente da CPI da Assembléia de Rondônia que esteve na região, é de que mais de 1 bilhão de dólares de diamantes tenham sido recolhidos e ilegalmente retirados do país nos últimos meses. Uma soma absurda de dinheiro que pode voltar até para atividades políticas na região, contaminando todo o sistema de valores do Estado e de todo o Norte do país.

A polícia federal teria indícios de altos esquemas de corrupção, o que é normal quando os diamantes estão em jogo. Na África, eles provocam guerras civis intermináveis como Angola e República Centro Africana, movendo uma engrenagem explosiva de interesses dos grandes cartéis criminosos. Em Rondônia há evidências de que cartéis de droga já estariam presentes na região, lavando dinheiro e investindo nas drogas por meio de testas de ferro.
 

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