De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Yanomami pedem intervenção da ONU
17/06/2011
Autor: Marilena Freitas
Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br
Cansados de buscar uma solução junto às autoridades brasileiras, os índios das etnias Yanomami e Yekuana decidiram arregaçar as mangas e pedir ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma carta foi enviada esta semana ao relator especial das Nações Unidas Sobre Povos Indígenas, James Anaya, que está visitando o Brasil.
O documento com oito laudas traz à tona os velhos problemas enfrentados por essa população indígena que mora no Brasil. Afirmam que o relato tem como finalidade mostrar que os índios continuam a vivenciar as mesmas situações que Anaya presenciara em agosto de 2008, quando visitou a área.
Citam entraves graves relacionados à saúde indígena, a falta de autonomia orçamentária, as ingerências políticas na nomeação dos cargos técnicos e a garimpagem ilegal dentro da área indígena que se alastra a passos largos. "Não há remédios, vacinas para os Yanomami. Os postos de saúde estão velhos, precisando de reforma. Os técnicos trabalham com as mínimas condições de trabalho", disse Dário Vitório Kopenawa Yanomami, um dos representantes da Hutukara.
"Estamos levando este documento para o exterior porque até agora as autoridades brasileiras não responderam os nossos documentos", justificou, ao ressaltar que a última pessoa foi nomeada sem que houvesse qualquer consulta às lideranças indígenas.
"A sua indicação foi feita sem consultar os Yanomami e os Yekuana, que fere não somente a Constituição Federal e o Direito Internacional, mas também os próprios procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde", afirma a carta, ao lembrar que a técnica indicada pelos Yanomami para coordenar o Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena Yanomami e Yekuana (DSEI-Y) trabalha há 42 anos com os índios, é antropóloga e nunca se envolveu politicamente.
Lembra no documento que muitos que ainda estão hoje à frente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) gerenciando os recursos dos índios estiveram envolvidos em escândalos de suposto desvio de dinheiro público.
"A crise que enfrentamos na questão de saúde se junta aos continuados problemas com a presença de não-índios na nossa terra, sobretudo os garimpeiros que estão causando um aumento nos casos de malária", diz a carta, ao pedir intervenção da ONU.
Segundo Dário, está aumentando significativamente o número de garimpeiros em área indígena. "Acredito que do ano de 2002 até agora existam dentro da área Yanomami mais de três mil garimpeiros. A presença deles tem feito aumentar as doenças como malária, câncer e diarreia porque os índios estão tomando água contaminada por mercúrio", denunciou Dário.
Segundo ele, vários documentos já foram enviados para as autoridades brasileiras pedindo que seja resolvido o problema, mas até agora todos permanecem calados, enquanto o caos se instala entre os índios.
Afirmou que documentos já foram enviados para o Ministério da Justiça, Polícia Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério Público Federal (MPF), inclusive para a Presidência da República. "Eles não responderam e agora estamos adotando outra metodologia, pedindo a ajuda internacional. Tem garimpo que fica a cinquenta minutos de comunidades indígenas, e quem se prejudica são os índios que bebem água contaminada com mercúrio", complementou.
"A situação se torna mais preocupante porque o aumento progressivo do garimpo resulta em conflitos, como o assassinato de um ye'kuana por um garimpeiro em janeiro de 2009, na degradação ambiental e na piora da situação de saúde. A falta de investigação e punição dos financiadores da atividade ilegal permite que os sistemas de apoio aos garimpeiros permaneçam", ressalta a carta.
Ele fez questão de frisar que, além da autonomia financeira do Distrito Sanitário, os Yanomami querem também participar da coordenação, administração e gerenciamento das ações que serão desenvolvidas em favor dos índios.
AVIÕES - Indagado se ainda há a possibilidade de retenção de aeronave, como ocorreu recentemente pela ocasião da nomeação de um cargo, Dario respondeu que não cabe a ele definir se uma aeronave deverá ficar retida ou não em solo indígena.
"Pelo que conheço do meu povo, é possível sim. As lideranças estão perdendo a paciência, por isso estão agindo dessa forma", acrescentou.
Na carta, a Hutukara faz um relatório dos acontecimentos envolvendo o povo indígena desde quando a terra foi homologada, mostrando uma radiografia dessas quase duas décadas, onde escândalos são citados minuciosamente.
http://www.folhabv.com.br/Noticia_Impressa.php?id=110825#
O documento com oito laudas traz à tona os velhos problemas enfrentados por essa população indígena que mora no Brasil. Afirmam que o relato tem como finalidade mostrar que os índios continuam a vivenciar as mesmas situações que Anaya presenciara em agosto de 2008, quando visitou a área.
Citam entraves graves relacionados à saúde indígena, a falta de autonomia orçamentária, as ingerências políticas na nomeação dos cargos técnicos e a garimpagem ilegal dentro da área indígena que se alastra a passos largos. "Não há remédios, vacinas para os Yanomami. Os postos de saúde estão velhos, precisando de reforma. Os técnicos trabalham com as mínimas condições de trabalho", disse Dário Vitório Kopenawa Yanomami, um dos representantes da Hutukara.
"Estamos levando este documento para o exterior porque até agora as autoridades brasileiras não responderam os nossos documentos", justificou, ao ressaltar que a última pessoa foi nomeada sem que houvesse qualquer consulta às lideranças indígenas.
"A sua indicação foi feita sem consultar os Yanomami e os Yekuana, que fere não somente a Constituição Federal e o Direito Internacional, mas também os próprios procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde", afirma a carta, ao lembrar que a técnica indicada pelos Yanomami para coordenar o Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena Yanomami e Yekuana (DSEI-Y) trabalha há 42 anos com os índios, é antropóloga e nunca se envolveu politicamente.
Lembra no documento que muitos que ainda estão hoje à frente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) gerenciando os recursos dos índios estiveram envolvidos em escândalos de suposto desvio de dinheiro público.
"A crise que enfrentamos na questão de saúde se junta aos continuados problemas com a presença de não-índios na nossa terra, sobretudo os garimpeiros que estão causando um aumento nos casos de malária", diz a carta, ao pedir intervenção da ONU.
Segundo Dário, está aumentando significativamente o número de garimpeiros em área indígena. "Acredito que do ano de 2002 até agora existam dentro da área Yanomami mais de três mil garimpeiros. A presença deles tem feito aumentar as doenças como malária, câncer e diarreia porque os índios estão tomando água contaminada por mercúrio", denunciou Dário.
Segundo ele, vários documentos já foram enviados para as autoridades brasileiras pedindo que seja resolvido o problema, mas até agora todos permanecem calados, enquanto o caos se instala entre os índios.
Afirmou que documentos já foram enviados para o Ministério da Justiça, Polícia Federal, Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério Público Federal (MPF), inclusive para a Presidência da República. "Eles não responderam e agora estamos adotando outra metodologia, pedindo a ajuda internacional. Tem garimpo que fica a cinquenta minutos de comunidades indígenas, e quem se prejudica são os índios que bebem água contaminada com mercúrio", complementou.
"A situação se torna mais preocupante porque o aumento progressivo do garimpo resulta em conflitos, como o assassinato de um ye'kuana por um garimpeiro em janeiro de 2009, na degradação ambiental e na piora da situação de saúde. A falta de investigação e punição dos financiadores da atividade ilegal permite que os sistemas de apoio aos garimpeiros permaneçam", ressalta a carta.
Ele fez questão de frisar que, além da autonomia financeira do Distrito Sanitário, os Yanomami querem também participar da coordenação, administração e gerenciamento das ações que serão desenvolvidas em favor dos índios.
AVIÕES - Indagado se ainda há a possibilidade de retenção de aeronave, como ocorreu recentemente pela ocasião da nomeação de um cargo, Dario respondeu que não cabe a ele definir se uma aeronave deverá ficar retida ou não em solo indígena.
"Pelo que conheço do meu povo, é possível sim. As lideranças estão perdendo a paciência, por isso estão agindo dessa forma", acrescentou.
Na carta, a Hutukara faz um relatório dos acontecimentos envolvendo o povo indígena desde quando a terra foi homologada, mostrando uma radiografia dessas quase duas décadas, onde escândalos são citados minuciosamente.
http://www.folhabv.com.br/Noticia_Impressa.php?id=110825#
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