De Povos Indígenas no Brasil
A versão imprimível não é mais suportada e pode ter erros de renderização. Atualize os favoritos do seu navegador e use a função de impressão padrão do navegador.
Notícias
Raio-X: conheça a Terra Yanomami, maior território indígena do Brasil em emergência por casos de desnutrição e malária
24/01/2023
Fonte: g1 RR - https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/01/24
Raio-X: conheça a Terra Yanomami, maior território indígena do Brasil em emergência por casos de desnutrição e malária
Considerada população de recente contato, indígenas da Terra Yanomami são severamente impactos pelo avanço de garimpeiros ilegais que destroem a floresta.
Por Valéria Oliveira, g1 RR - Boa Vista
24/01/2023
O território tem quase 100 mil quilômetros quadrados, que abrangem os estados de Roraima e Amazonas. A extensão corresponde, por exemplo, quase ao estado do Pernambuco, que tem 98 mil quilômetros quadrados.
O território foi demarcado em 22 de maio de 1992 pelo então presidente da República, Fernando Collor e o processo durou cerca de 15 anos. A demarcação envolveu uma longa batalha, com articulação internacional, até o governo brasileiro homologar a área.
Em Roraima, a reserva passa pelos municípios de Amajari, Alto Alegre, Mucajaí, Iracema e Caracaraí. No Amazonas, se concentra em São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.
População
Atualmente, tem uma população aproximada de 30.400 mil indígenas que vivem em 386 comunidades.
Os Yanomami são considerados de recente contato com a população não-indígena. Na reserva há, ainda, indígenas isolados - os Moxihatëtëa que vivem sem contato ou influência externa.
Embora as condições geográficas os tornem isolados, isso não impede o avanço acelerado do garimpo - estima-se que há 20 mil invasores na reserva.
Garimpo e devastação
Em quatro anos, a devastação de árvores e rios mais que dobrou: saiu de 1,2 mil hectares destruídos em 2018, para hectares para 3,2 mil hectares em 2021.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2019 a área atingiu o maior índice desde 2008. Segundo a série histórica, foram 29 mil quilômetros quadrados. O maior índice antes do marco havia sido de 14 mil quilômetros quadrados, em 2008.
Série histórica do desmatamento no território Yanomami
Índice de desmatamento por km²
14,614,61,241,243,93,97,127,126,56,52,12,12,652,65117,247,241,651,654,744,7429,929,99,869,867,27,20,150,1520082009201020112012201320142015201620172018201920202021202205101520253035
Fonte: Inpe
À medida que o garimpo avança por entre as comunidades e os invasores abrem campos de exploração no meio da floresta, a crise sanitário se agrava. Isso porque, na avaliação de ambientalistas, a atividade ilegal destrói a floresta, espanta a caça, polui rios e peixes, e deixa o solo improdutivo para as plantações.
Impacto na saúde
Diante desse cenário de invasão e degradação, as refeições, que, normalmente, teriam como base arroz, feijão, mandioca, carne de caça e peixe, acabam se resumindo a um ou outro item por vez.
Sem nutrição, os indígenas ficam doentes. Fracos, os adultos não conseguem ir em busca de alimentos para as crianças, que ficam debilitadas e vulneráveis às doenças como malária, desnutrição severa, diarreia e verminoses.
Além disso, há casos de postos de saúde que são fechados por falta de segurança para equipes trabalharem, como foi o caso da região de Homoxi, tomado por garimpeiros.
O número exato de crianças acometidas pela desnutrição não era disponibilizado pelo governo federal. Os relatos, no entanto, indicam que o problema permeia as regiões onde há o impacto do garimpo -- grande causador da degradação e desequilíbrio ambiental.
O governo do presidente Lula estima que 570 crianças Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro. Dessas mortes, 99 foram em 2022. Já os casos de malária chegaram a 11.530.
Violência e conflitos
Além de impactos na saúde, o garimpo também leva à reserva conflitos e violência, entre eles ataques a tiros e exploração sexual de meninas e mulheres.
Um dos casos recentes mais emblemáticos foi o ataque a tiros na região de Palimiú. Garimpeiros armados abriram fogo contra indígenas que faziam um bloqueio no rio Uraricoera para impedir a passagem dos invasores. Um ano depois, líderes afirma que a região vive sob tensão.
Em abril do ano passado, mulheres Yanomami relataram clima de medo que imperava na comunidade diante à eminente presença dos garimpeiros: "Somente depois de deitar com tua filha eu irei te dar comida!", dizia um dos depoimentos.
Situação de emergência
Além disso, o Ministério abriu uma chamada para contratar médicos voluntários. Em visita a Roraima, o presidente Lula classificou a atual situação dos Yanomami como desumana. Ele prometeu ajuda imediata e acabar com os garimpos ilegais na reserva.
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/01/24/raio-x-conheca-a-terra-yanomami-maior-reserva-indigena-do-brasil-em-emergencia-por-casos-de-desnutricao-e-malaria.ghtml
Considerada população de recente contato, indígenas da Terra Yanomami são severamente impactos pelo avanço de garimpeiros ilegais que destroem a floresta.
Por Valéria Oliveira, g1 RR - Boa Vista
24/01/2023
O território tem quase 100 mil quilômetros quadrados, que abrangem os estados de Roraima e Amazonas. A extensão corresponde, por exemplo, quase ao estado do Pernambuco, que tem 98 mil quilômetros quadrados.
O território foi demarcado em 22 de maio de 1992 pelo então presidente da República, Fernando Collor e o processo durou cerca de 15 anos. A demarcação envolveu uma longa batalha, com articulação internacional, até o governo brasileiro homologar a área.
Em Roraima, a reserva passa pelos municípios de Amajari, Alto Alegre, Mucajaí, Iracema e Caracaraí. No Amazonas, se concentra em São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.
População
Atualmente, tem uma população aproximada de 30.400 mil indígenas que vivem em 386 comunidades.
Os Yanomami são considerados de recente contato com a população não-indígena. Na reserva há, ainda, indígenas isolados - os Moxihatëtëa que vivem sem contato ou influência externa.
Embora as condições geográficas os tornem isolados, isso não impede o avanço acelerado do garimpo - estima-se que há 20 mil invasores na reserva.
Garimpo e devastação
Em quatro anos, a devastação de árvores e rios mais que dobrou: saiu de 1,2 mil hectares destruídos em 2018, para hectares para 3,2 mil hectares em 2021.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2019 a área atingiu o maior índice desde 2008. Segundo a série histórica, foram 29 mil quilômetros quadrados. O maior índice antes do marco havia sido de 14 mil quilômetros quadrados, em 2008.
Série histórica do desmatamento no território Yanomami
Índice de desmatamento por km²
14,614,61,241,243,93,97,127,126,56,52,12,12,652,65117,247,241,651,654,744,7429,929,99,869,867,27,20,150,1520082009201020112012201320142015201620172018201920202021202205101520253035
Fonte: Inpe
À medida que o garimpo avança por entre as comunidades e os invasores abrem campos de exploração no meio da floresta, a crise sanitário se agrava. Isso porque, na avaliação de ambientalistas, a atividade ilegal destrói a floresta, espanta a caça, polui rios e peixes, e deixa o solo improdutivo para as plantações.
Impacto na saúde
Diante desse cenário de invasão e degradação, as refeições, que, normalmente, teriam como base arroz, feijão, mandioca, carne de caça e peixe, acabam se resumindo a um ou outro item por vez.
Sem nutrição, os indígenas ficam doentes. Fracos, os adultos não conseguem ir em busca de alimentos para as crianças, que ficam debilitadas e vulneráveis às doenças como malária, desnutrição severa, diarreia e verminoses.
Além disso, há casos de postos de saúde que são fechados por falta de segurança para equipes trabalharem, como foi o caso da região de Homoxi, tomado por garimpeiros.
O número exato de crianças acometidas pela desnutrição não era disponibilizado pelo governo federal. Os relatos, no entanto, indicam que o problema permeia as regiões onde há o impacto do garimpo -- grande causador da degradação e desequilíbrio ambiental.
O governo do presidente Lula estima que 570 crianças Yanomami morreram devido ao avanço do garimpo ilegal últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro. Dessas mortes, 99 foram em 2022. Já os casos de malária chegaram a 11.530.
Violência e conflitos
Além de impactos na saúde, o garimpo também leva à reserva conflitos e violência, entre eles ataques a tiros e exploração sexual de meninas e mulheres.
Um dos casos recentes mais emblemáticos foi o ataque a tiros na região de Palimiú. Garimpeiros armados abriram fogo contra indígenas que faziam um bloqueio no rio Uraricoera para impedir a passagem dos invasores. Um ano depois, líderes afirma que a região vive sob tensão.
Em abril do ano passado, mulheres Yanomami relataram clima de medo que imperava na comunidade diante à eminente presença dos garimpeiros: "Somente depois de deitar com tua filha eu irei te dar comida!", dizia um dos depoimentos.
Situação de emergência
Além disso, o Ministério abriu uma chamada para contratar médicos voluntários. Em visita a Roraima, o presidente Lula classificou a atual situação dos Yanomami como desumana. Ele prometeu ajuda imediata e acabar com os garimpos ilegais na reserva.
https://g1.globo.com/rr/roraima/noticia/2023/01/24/raio-x-conheca-a-terra-yanomami-maior-reserva-indigena-do-brasil-em-emergencia-por-casos-de-desnutricao-e-malaria.ghtml
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.