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É Lula quem responde por yanomamis agora

21/02/2024

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/02/



É Lula quem responde por yanomamis agora
Mesmo que tenha havido subnotificação anterior, mortes de indígenas em 2023 põem em xeque efetividade de ações na região

Editorial
22.fev.2024 às 22h00

Uma das primeiras ações de grande visibilidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em janeiro do ano passado, foi a operação deflagrada para enfrentar a emergência de saúde na Terra Indígena Yanomami. Dados recém-noticiados, porém, põem em xeque a efetividade das medidas adotadas.
Descobriu-se que houve 363 mortes de yanomamis e outras etnias presentes no território em 2023. A cifra macabra -que ultrapassa as de 2022 (343) e de anos anteriores sob Jair Bolsonaro (PL)- veio à tona após uma reportagem da revista Oeste, que se valeu da Lei de Acesso à Informação (LAI).
Autoridades de saúde dizem considerar inadequada uma comparação direta das estatísticas, e superficial a conclusão de que a situação piorou -haveria, apontam, uma subnotificação de casos e mortes no período anterior.
Por esse raciocínio, operam hoje naquela região 40% mais equipes de saúde. Casos e vítimas que passaram ou passariam despercebidos terminaram registrados, inflando o cômputo. A tese pode ser plausível, mas o governo continua tendo muito a explicar.
O garimpo ilegal de ouro e cassiterita, principal motor da tragédia yanomami, recrudesceu antes mesmo de completar-se um ano das iniciativas de Brasília.
Estima-se que continuem em ação no território cerca de 3.000 garimpeiros. Bem menos que os 20 mil antes da troca de governo, mas o suficiente para dificultar ou impedir de vez a ação de agentes de fiscalização ambiental e atenção de saúde em áreas mais remotas, como Surucucu e Auaris.
A presença de invasores e a devastação de florestas e igarapés favorecem a proliferação de malária. Já desnutridas pela falta de assistência, crianças indígenas vão sucumbindo a doenças antes que se cumpra sua remoção para centros de tratamento adequados.
Segundo apuração deste jornal, as Forças Armadas passaram a encolher o apoio logístico a equipes do Ibama e do Ministério da Saúde. A desativação de um entreposto de combustível na região do Palimiú, por exemplo, impediu helicópteros do Ibama de alcançar Auaris, na fronteira com a Venezuela.
A presença efetiva do Estado num território tão vasto quanto o dos yanomamis, do tamanho de Portugal, não é empreendimento trivial. Os retrocessos que ora se constatam são evidências de que o planejamento do combate ao garimpo e da atenção de saúde, ali, carece de coordenação e sustentação.
Não há dúvida de que Bolsonaro tratou o tema com descaso, se não hostilidade. Agora, entretanto, enfrentar esse déficit civilizacional é responsabilidade de Lula.
editoriais@grupofolha.com.br

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/02/e-lula-quem-responde-por-yanomamis-agora.shtml
 

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