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Países devem "baixar expectativas" sobre Belém e repensar tamanho de delegações, diz secretário da COP30
19/02/2025
Fonte: Valor Econômico - https://valor.globo.com/
Países devem "baixar expectativas" sobre Belém e repensar tamanho de delegações, diz secretário da COP30
Valter Correia da Silva tem enfatizado que a conferência não terá o mesmo luxo e estrutura das edições anteriores em Dubai e Baku
Fabio Murakawa
19/02/2025
O secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia da Silva, disse hoje a jornalistas que as delegações estrangeiras devem "baixar as expectativas" sobre a infraestrutura do evento, que será realizado em Belém em novembro deste ano. Em reuniões com representantes diplomáticos, Correia tem enfatizado que a conferência não terá o mesmo luxo e estrutura das edições anteriores em Dubai e Baku e sugerido que os países repensem o tamanho de suas delegações. O representante do governo brasileiro também pede "bom senso" às embaixadas para evitar uma corrida por hospedagem, que pode agravar o problema da falta de leitos e da especulação imobiliária meses antes do evento.
"É como o presidente Lula fala. As delegações precisam baixar as expectativas, porque Belém não é uma Dubai, não é uma Baku", afirmou Correia. "Mas, dentro das nossas especificidades e vantagens, teremos uma grande COP, um grande evento, uma grande conferência da ONU."
O secretário tem mantido uma série de reuniões com diplomatas estrangeiros para tratar do evento e esclarecer dúvidas sobre logística, infraestrutura e segurança. Na última terça-feira, se reuniu com representantes de 40 embaixadas de países europeus. E, para meados de março, pretende organizar um encontro maior com todas as representações estrangeiras em parceria com o Itamaraty.
Nessas conversas, relata, os representantes estrangeiros têm expressado uma "preocupação generalizada" em relação à infraestrutura da capital paraense. Correia da Silva admite as limitações da cidade, mas afirma que, apesar das limitações, Belém está pronta para receber a principal conferência climática do mundo.
"Tem coisas que não têm solução da forma se gostaria que tivesse. Nós não podemos criar cem novos hotéis de repente. Nós estamos criando os hotéis possíveis em áreas possíveis. Não dá para transformar Belém numa Baku em um ano", admitiu. "Mesmo o aeroporto. O aeroporto é limitado.
Eu não consigo ampliar o aeroporto, fazer mais pistas. Não há como a gente fazer essas coisas. Tem um limite."
Uma das principais preocupações expressas pelo secretário é o risco de escalada abusiva dos preços das diárias em hotéis da capital paraense.
Diante disso, Correia tem sugerido às embaixadas que não estimulem integrantes dos governos a virem "desnecessariamente" para o Brasil, limitando as delegações às pessoas diretamente envolvidas nas negociações climáticas da COP30. Ele ponderou, no entanto, que não há nenhuma recomendação oficial do Palácio do Planalto para que os países diminuam suas delegações.
"Eu sempre falo nas reuniões com as embaixadas para não estimular tantas pessoas a virem desnecessariamente para a COP", disse. "Sei que há países que querem trazer muitos empresários, e isso será muito bem-vindo. Mas há muita gente governamental que vem apenas para acompanhar as pessoas, e talvez isso não seja necessário."
O secretário também argumentou que a preocupação atual com a hospedagem é "desnecessária" e que há uma "supervalorização da demanda" para o evento. "Estão achando que vai explodir de gente, que vai chegar gente do mundo inteiro em caravana, e não é bem assim", afirmou.
Correia também definiu como "desnecessário" reservar hotéis agora para o evento que ocorre em novembro, uma vez que uma plataforma oficial de gerenciamento de hospedagens será lançada pelo governo e pela ONU.
Ele tem pedido ainda "bom senso" para os países para que não reservem hotéis ou andares inteiros para suas delegações, exceto países com peculiaridades geopolíticas, como China, Estados Unidos, Rússia e Israel.
Em outra frente, afirmou que o governo tentará "sensibilizar" o setor hoteleiro local para que não pratique preços abusivos, seja através do diálogo ou da "legislação específica do país que coíbe esse tipo de abuso".
Ele realçou a instalação na cidade de empreendimentos como de grandes redes hoteleiras como o Tivoli e o Vila Galé, além de um hotel modular horizontal no Parque da Cidade, onde ocorrerá o evento. Esse último terá com mais de 400 apartamentos de padrão cinco estrelas, onde poderão se hospedar alguns chefes de Estado.
O governo também está finalizando a contratação de dois grandes navios de cruzeiro, que serão atracados no Porto de Outeiro para servir como hospedagem temporária.
Para reduzir a pressão sobre a rede hoteleira, o governo decidiu antecipar a cúpula de líderes para os dias 5 e 6 ou 6 e 7 de novembro, reduzindo o número de pessoas simultaneamente em Belém. Segundo projeções, essa mudança diminuiria o pico de participantes de cerca de 34 mil para aproximadamente 12 mil pessoas nos dias mais movimentados. Pelas contas do governo, a COP deve atrair cerca de 40 a 50 mil pessoas a Belém.
Além das preocupações com hospedagem, o governo tem trabalhado para minimizar problemas de mobilidade durante o evento. A organização do evento está criando um plano de mobilidade com faixas exclusivas, vias inteligentes e incentivo ao home office nos setores público e privado para reduzir a circulação no centro da cidade, explicou. Outra medida será dar férias escolares aos estudantes durante o período do evento, como forma de esvaziar o centro da cidade.
Correia também afirmou que Belém será "o lugar mais seguro da América Latina" durante a COP30, devido à presença de agentes de segurança do governo federal, estadual e forças internacionais.
Já em relação à conectividade aérea, as conversas com companhias para ampliar os voos domésticos e internacionais durante o evento estão avançadas, segundo o secretário.
O secretário reiterou que, apesar dos desafios logísticos, a realização da COP30 em Belém é uma oportunidade única para debater o futuro do clima global no coração da Amazônia. E que qualquer outra cidade brasileira teria problemas para receber o evento.
"Eu não conheço nenhuma grande capital que a gente consiga transitar tranquilamente com um carro. Eu não dirijo mais em São Paulo, eu sempre morei em São Paulo. No Rio, quando eu vou para lá, eu fico maluco", afirmou.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/02/19/pases-devem-baixar-expectativas-sobre-belm-e-repensar-tamanho-de-delegaes-diz-secretrio-da-cop30.ghtml
Valter Correia da Silva tem enfatizado que a conferência não terá o mesmo luxo e estrutura das edições anteriores em Dubai e Baku
Fabio Murakawa
19/02/2025
O secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia da Silva, disse hoje a jornalistas que as delegações estrangeiras devem "baixar as expectativas" sobre a infraestrutura do evento, que será realizado em Belém em novembro deste ano. Em reuniões com representantes diplomáticos, Correia tem enfatizado que a conferência não terá o mesmo luxo e estrutura das edições anteriores em Dubai e Baku e sugerido que os países repensem o tamanho de suas delegações. O representante do governo brasileiro também pede "bom senso" às embaixadas para evitar uma corrida por hospedagem, que pode agravar o problema da falta de leitos e da especulação imobiliária meses antes do evento.
"É como o presidente Lula fala. As delegações precisam baixar as expectativas, porque Belém não é uma Dubai, não é uma Baku", afirmou Correia. "Mas, dentro das nossas especificidades e vantagens, teremos uma grande COP, um grande evento, uma grande conferência da ONU."
O secretário tem mantido uma série de reuniões com diplomatas estrangeiros para tratar do evento e esclarecer dúvidas sobre logística, infraestrutura e segurança. Na última terça-feira, se reuniu com representantes de 40 embaixadas de países europeus. E, para meados de março, pretende organizar um encontro maior com todas as representações estrangeiras em parceria com o Itamaraty.
Nessas conversas, relata, os representantes estrangeiros têm expressado uma "preocupação generalizada" em relação à infraestrutura da capital paraense. Correia da Silva admite as limitações da cidade, mas afirma que, apesar das limitações, Belém está pronta para receber a principal conferência climática do mundo.
"Tem coisas que não têm solução da forma se gostaria que tivesse. Nós não podemos criar cem novos hotéis de repente. Nós estamos criando os hotéis possíveis em áreas possíveis. Não dá para transformar Belém numa Baku em um ano", admitiu. "Mesmo o aeroporto. O aeroporto é limitado.
Eu não consigo ampliar o aeroporto, fazer mais pistas. Não há como a gente fazer essas coisas. Tem um limite."
Uma das principais preocupações expressas pelo secretário é o risco de escalada abusiva dos preços das diárias em hotéis da capital paraense.
Diante disso, Correia tem sugerido às embaixadas que não estimulem integrantes dos governos a virem "desnecessariamente" para o Brasil, limitando as delegações às pessoas diretamente envolvidas nas negociações climáticas da COP30. Ele ponderou, no entanto, que não há nenhuma recomendação oficial do Palácio do Planalto para que os países diminuam suas delegações.
"Eu sempre falo nas reuniões com as embaixadas para não estimular tantas pessoas a virem desnecessariamente para a COP", disse. "Sei que há países que querem trazer muitos empresários, e isso será muito bem-vindo. Mas há muita gente governamental que vem apenas para acompanhar as pessoas, e talvez isso não seja necessário."
O secretário também argumentou que a preocupação atual com a hospedagem é "desnecessária" e que há uma "supervalorização da demanda" para o evento. "Estão achando que vai explodir de gente, que vai chegar gente do mundo inteiro em caravana, e não é bem assim", afirmou.
Correia também definiu como "desnecessário" reservar hotéis agora para o evento que ocorre em novembro, uma vez que uma plataforma oficial de gerenciamento de hospedagens será lançada pelo governo e pela ONU.
Ele tem pedido ainda "bom senso" para os países para que não reservem hotéis ou andares inteiros para suas delegações, exceto países com peculiaridades geopolíticas, como China, Estados Unidos, Rússia e Israel.
Em outra frente, afirmou que o governo tentará "sensibilizar" o setor hoteleiro local para que não pratique preços abusivos, seja através do diálogo ou da "legislação específica do país que coíbe esse tipo de abuso".
Ele realçou a instalação na cidade de empreendimentos como de grandes redes hoteleiras como o Tivoli e o Vila Galé, além de um hotel modular horizontal no Parque da Cidade, onde ocorrerá o evento. Esse último terá com mais de 400 apartamentos de padrão cinco estrelas, onde poderão se hospedar alguns chefes de Estado.
O governo também está finalizando a contratação de dois grandes navios de cruzeiro, que serão atracados no Porto de Outeiro para servir como hospedagem temporária.
Para reduzir a pressão sobre a rede hoteleira, o governo decidiu antecipar a cúpula de líderes para os dias 5 e 6 ou 6 e 7 de novembro, reduzindo o número de pessoas simultaneamente em Belém. Segundo projeções, essa mudança diminuiria o pico de participantes de cerca de 34 mil para aproximadamente 12 mil pessoas nos dias mais movimentados. Pelas contas do governo, a COP deve atrair cerca de 40 a 50 mil pessoas a Belém.
Além das preocupações com hospedagem, o governo tem trabalhado para minimizar problemas de mobilidade durante o evento. A organização do evento está criando um plano de mobilidade com faixas exclusivas, vias inteligentes e incentivo ao home office nos setores público e privado para reduzir a circulação no centro da cidade, explicou. Outra medida será dar férias escolares aos estudantes durante o período do evento, como forma de esvaziar o centro da cidade.
Correia também afirmou que Belém será "o lugar mais seguro da América Latina" durante a COP30, devido à presença de agentes de segurança do governo federal, estadual e forças internacionais.
Já em relação à conectividade aérea, as conversas com companhias para ampliar os voos domésticos e internacionais durante o evento estão avançadas, segundo o secretário.
O secretário reiterou que, apesar dos desafios logísticos, a realização da COP30 em Belém é uma oportunidade única para debater o futuro do clima global no coração da Amazônia. E que qualquer outra cidade brasileira teria problemas para receber o evento.
"Eu não conheço nenhuma grande capital que a gente consiga transitar tranquilamente com um carro. Eu não dirijo mais em São Paulo, eu sempre morei em São Paulo. No Rio, quando eu vou para lá, eu fico maluco", afirmou.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/02/19/pases-devem-baixar-expectativas-sobre-belm-e-repensar-tamanho-de-delegaes-diz-secretrio-da-cop30.ghtml
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