De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Índio na prefeitura
12/10/2004
Fonte: CB, Eleições, p. 4
Índio na prefeitura
Lílian Tahan
Da equipe do Correio
Mecias Seterê-Mawé precisou virar político para ser respeitado como índio. Isso ocorreu há oito anos, quando foi vereador pela primeira vez. Agora o primeiro índio eleito prefeito no Amazonas quer usar o prestígio político para melhorar a vida de outros índios. Com a preferência de oito a cada dez eleitores da pequena cidade de Barreirinhas, 28 mil habitantes e localizada a 384 quilômetros de Manaus, Mecias acena com avanços pouco comuns em projetos de gestores do executivo, como democratizar a auto-estima, promover o respeito e combater o preconceito contra o seu povo.
O futuro prefeito promete usar estratégias bastante práticas. A primeira providência que vai tomar ao assumir o cargo é promover debates públicos com os moradores da pequena cidade. O prefeito quer ter idéias e dividir responsabilidades com os eleitores. A proposta é uma influência partidária. Mecias é filiado ao PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e se diz parecido com presidente em pelo menos um aspecto: ''O Mecias gosta de ouvir as pessoas, porque se tomar uma decisão errada, todo mundo erra, se for certa, parabéns para todos'', explica o prefeito, que mantém o costume de se referir a si mesmo apenas na terceira pessoa. No início da gestão Lula, o governo criou audiências públicas para representantes da sociedade opinarem na formulação do Plano Plurianual, que define as prioridades dos gastos públicos.
Na avaliação do índio, a semelhança termina por aí. Na opinião de Mecias, Lula não cumpre os compromissos de campanha com as populações indígenas. ''Antes de ser presidente, era uma das pessoas que mais defendia o respeito aos povos indígenas. Depois que foi eleito, nada mudou na realidade essas pessoas. Ele sequer se dá ao trabalho de ouvi-las'', reclama. Mecias conta que foi uma batalha conseguir uma audiência com o presidente Lula, o que ocorreu em 10 de maio desse ano. ''Na foto aparece todo mundo rindo, feliz de estar ao lado do presidente, mas na verdade, forçamos uma barra para chegarmos até ali. Depois de muitas tentativas ameaçamos fazer protesto na frente do palácio, só então fomos atendidos'', lembra.
Como prefeito, Mecias tem a expectativa de conseguir mais atenção do governo para os problemas da comunidade onde vive. Durante 15 dos 39 anos de vida, ele se dedicou a pressionar os governos locais por melhores condições de vida para os índios. O resultado foram os postos de saúde, o sistema de transporte público e de radiofonia, que facilita a comunicação dos 4 mil indígenas que moram em Barreirinha. Mas os índios são minoria numa terra ocupada pelos caboclos que compartilham das mesmas dificuldades, porém sem ter os mesmos direitos. ''A missão de Mecias é fazer o governo enxergar que esse povo precisa de ajuda tanto quanto um índio, a diferença é só que um pinta a pele e o outro não, mas os dois povos precisam de educação, saúde e respeito'', ensina.
CB, 12/10/2004, Eleições, p. 4
Lílian Tahan
Da equipe do Correio
Mecias Seterê-Mawé precisou virar político para ser respeitado como índio. Isso ocorreu há oito anos, quando foi vereador pela primeira vez. Agora o primeiro índio eleito prefeito no Amazonas quer usar o prestígio político para melhorar a vida de outros índios. Com a preferência de oito a cada dez eleitores da pequena cidade de Barreirinhas, 28 mil habitantes e localizada a 384 quilômetros de Manaus, Mecias acena com avanços pouco comuns em projetos de gestores do executivo, como democratizar a auto-estima, promover o respeito e combater o preconceito contra o seu povo.
O futuro prefeito promete usar estratégias bastante práticas. A primeira providência que vai tomar ao assumir o cargo é promover debates públicos com os moradores da pequena cidade. O prefeito quer ter idéias e dividir responsabilidades com os eleitores. A proposta é uma influência partidária. Mecias é filiado ao PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e se diz parecido com presidente em pelo menos um aspecto: ''O Mecias gosta de ouvir as pessoas, porque se tomar uma decisão errada, todo mundo erra, se for certa, parabéns para todos'', explica o prefeito, que mantém o costume de se referir a si mesmo apenas na terceira pessoa. No início da gestão Lula, o governo criou audiências públicas para representantes da sociedade opinarem na formulação do Plano Plurianual, que define as prioridades dos gastos públicos.
Na avaliação do índio, a semelhança termina por aí. Na opinião de Mecias, Lula não cumpre os compromissos de campanha com as populações indígenas. ''Antes de ser presidente, era uma das pessoas que mais defendia o respeito aos povos indígenas. Depois que foi eleito, nada mudou na realidade essas pessoas. Ele sequer se dá ao trabalho de ouvi-las'', reclama. Mecias conta que foi uma batalha conseguir uma audiência com o presidente Lula, o que ocorreu em 10 de maio desse ano. ''Na foto aparece todo mundo rindo, feliz de estar ao lado do presidente, mas na verdade, forçamos uma barra para chegarmos até ali. Depois de muitas tentativas ameaçamos fazer protesto na frente do palácio, só então fomos atendidos'', lembra.
Como prefeito, Mecias tem a expectativa de conseguir mais atenção do governo para os problemas da comunidade onde vive. Durante 15 dos 39 anos de vida, ele se dedicou a pressionar os governos locais por melhores condições de vida para os índios. O resultado foram os postos de saúde, o sistema de transporte público e de radiofonia, que facilita a comunicação dos 4 mil indígenas que moram em Barreirinha. Mas os índios são minoria numa terra ocupada pelos caboclos que compartilham das mesmas dificuldades, porém sem ter os mesmos direitos. ''A missão de Mecias é fazer o governo enxergar que esse povo precisa de ajuda tanto quanto um índio, a diferença é só que um pinta a pele e o outro não, mas os dois povos precisam de educação, saúde e respeito'', ensina.
CB, 12/10/2004, Eleições, p. 4
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.