De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Povo Karajá comemora o Hetohoky
20/03/2002
Autor: Mariá Soares
Fonte: Jornal do Tocantins-Palmas-TO
O ritual de passagem para a vida adulta é uma "festa" de sons, cores e traz a certeza de
que a essência deste povo está preservada
A aldeia Fontoura, localizada na I-lha do Bananal, encerra hoje as comemorações do Hetohoky (lê-se retorrocan). Um dos rituais sagrados da Cultura Karajá, o Hetohoky celebra a iniciação do menino para a fase adulta. A festa reúne moradores das oito aldeias karajás, com uma população de 1.600 índios. Hoje, durante todo o dia, a comunidade e os visitantes participam de danças, brincadeiras e lutas. O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura desenvolve projetos de preservação da Cultura indígena. A Kátia Rocha está hoje em Fontoura, a convite dos karajás, para assistir ao Hetohoky.
À noite haverá competição entre os homens da aldeia Fontoura e os visitantes de outras comunidades karajás. Durante toda a noite eles tentam arrancar uma grande tora que é instalada no grande pátio da aldeia. Enquanto os anfitriões tentam mantê-la em pé, os visitantes tentam a todo custo arrancá-la e jogá-la no rio. Há mais de três anos que Fontoura vence a luta. Diz a tradição karajá que a invencibilidade vem sendo mantida porque os índios da aldeia Fontoura não bebem bebidas alcóolicas.
Preparativos
Os moradores acordam cedo para preparar o último dia da festa. Enquanto umas mulheres preparam a alimentação, outras se encarregam dos ornamentos. A tinta preta do jenipapo - fruto silvestre da região - e o urucum, de tonalidade vermelha são preparados e com desenhos perfeitos pintam os corpos. Comemorar o Hetohoky, significa para os Karajá a preservação da sua cultura.
Durante meses o Djré (o garoto que está passando para a fase adulta) está recebendo ensinamentos. Ele fica na floresta por vários dias. Lá, ele aprende a conviver e a respeitar a fauna e a flora. Quando ele volta para a aldeia, recebe orientações do cacique tradicional, que por várias horas conversa com ele sobre a responsabilidade que terá a partir de então, o respeito com os mais velhos, com as mulheres, com as novas gerações e o compromisso de manter sua tradição. O momento se constituiu uma das passagens mais emocionantes do Hetohoky.
Etnia
Os karajá, Javaé e Xambioá são o mesmo povo e pertencem a tronco lingüístico Macro-Jê e se autodenominam de Iny (inã). Há porém pequenas variações no dialeto e as localizações geográficas. Os Javaé vivem às margens do rio Javaé, distribuídos em nove aldeias, onde moram 849 habitantes. Os Xambioá vivem na região de Xambioá ao Norte do Tocantins. Cento e oitenta e dois habitantes moram em duas aldeias.
Contam os historiadores que os três grupos (Karajá, Xambioá e Javaé) habitavam os dois lados do rio Araguaia desde a foz do rio Crixás até abaixo da Ilha do Bananal e foram encontrados pelas expedições escravagistas paulistas nos séculos 17 e 18, ocupando sempre as margens do rio Araguaia, que na língua indígena é denominado de Berohoky (berorrocan).
Lenda
Mantendo sua tradição oral, a cultura Karajá explica sua existência por meio da lenda do Koboí. Os mais velhos contam que uma vez um homem saiu da água para a terra - todos os homens viviam no fundo do Berohoky. O homem foi andando, caçando mel, e encontrou frutas, mangabas e as levou para o fundo do rio e contou tudo sobre o novo mundo. Era um lugar bonito e espalhou a história para todos. Depois a família do Koboí quis sair, mas ele era gordo, saiu só a metade. Koboí viu que o lugar não era bom e voltou. As pessoas que saíram formaram o Povo Karajá. Isto certamente explica a relação que o Karajá tem com o rio Araguaia.
FESTA
Nome: Hetohoky
Significado: A festa celebra a vida adulta em um ritual no qual a criança se torna homem
Local: Aldeia Fontoura, na Ilha do Bananal
que a essência deste povo está preservada
A aldeia Fontoura, localizada na I-lha do Bananal, encerra hoje as comemorações do Hetohoky (lê-se retorrocan). Um dos rituais sagrados da Cultura Karajá, o Hetohoky celebra a iniciação do menino para a fase adulta. A festa reúne moradores das oito aldeias karajás, com uma população de 1.600 índios. Hoje, durante todo o dia, a comunidade e os visitantes participam de danças, brincadeiras e lutas. O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura desenvolve projetos de preservação da Cultura indígena. A Kátia Rocha está hoje em Fontoura, a convite dos karajás, para assistir ao Hetohoky.
À noite haverá competição entre os homens da aldeia Fontoura e os visitantes de outras comunidades karajás. Durante toda a noite eles tentam arrancar uma grande tora que é instalada no grande pátio da aldeia. Enquanto os anfitriões tentam mantê-la em pé, os visitantes tentam a todo custo arrancá-la e jogá-la no rio. Há mais de três anos que Fontoura vence a luta. Diz a tradição karajá que a invencibilidade vem sendo mantida porque os índios da aldeia Fontoura não bebem bebidas alcóolicas.
Preparativos
Os moradores acordam cedo para preparar o último dia da festa. Enquanto umas mulheres preparam a alimentação, outras se encarregam dos ornamentos. A tinta preta do jenipapo - fruto silvestre da região - e o urucum, de tonalidade vermelha são preparados e com desenhos perfeitos pintam os corpos. Comemorar o Hetohoky, significa para os Karajá a preservação da sua cultura.
Durante meses o Djré (o garoto que está passando para a fase adulta) está recebendo ensinamentos. Ele fica na floresta por vários dias. Lá, ele aprende a conviver e a respeitar a fauna e a flora. Quando ele volta para a aldeia, recebe orientações do cacique tradicional, que por várias horas conversa com ele sobre a responsabilidade que terá a partir de então, o respeito com os mais velhos, com as mulheres, com as novas gerações e o compromisso de manter sua tradição. O momento se constituiu uma das passagens mais emocionantes do Hetohoky.
Etnia
Os karajá, Javaé e Xambioá são o mesmo povo e pertencem a tronco lingüístico Macro-Jê e se autodenominam de Iny (inã). Há porém pequenas variações no dialeto e as localizações geográficas. Os Javaé vivem às margens do rio Javaé, distribuídos em nove aldeias, onde moram 849 habitantes. Os Xambioá vivem na região de Xambioá ao Norte do Tocantins. Cento e oitenta e dois habitantes moram em duas aldeias.
Contam os historiadores que os três grupos (Karajá, Xambioá e Javaé) habitavam os dois lados do rio Araguaia desde a foz do rio Crixás até abaixo da Ilha do Bananal e foram encontrados pelas expedições escravagistas paulistas nos séculos 17 e 18, ocupando sempre as margens do rio Araguaia, que na língua indígena é denominado de Berohoky (berorrocan).
Lenda
Mantendo sua tradição oral, a cultura Karajá explica sua existência por meio da lenda do Koboí. Os mais velhos contam que uma vez um homem saiu da água para a terra - todos os homens viviam no fundo do Berohoky. O homem foi andando, caçando mel, e encontrou frutas, mangabas e as levou para o fundo do rio e contou tudo sobre o novo mundo. Era um lugar bonito e espalhou a história para todos. Depois a família do Koboí quis sair, mas ele era gordo, saiu só a metade. Koboí viu que o lugar não era bom e voltou. As pessoas que saíram formaram o Povo Karajá. Isto certamente explica a relação que o Karajá tem com o rio Araguaia.
FESTA
Nome: Hetohoky
Significado: A festa celebra a vida adulta em um ritual no qual a criança se torna homem
Local: Aldeia Fontoura, na Ilha do Bananal
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