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Número de índios no Estado é contestado

10/05/2002

Autor: ÂNGELA BASTOS

Fonte: Diário Catarinense-Florianópolis-SC



Conselho poderá solicitar recontagem para o IBGE


O dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicando 1.515 o número de índios em Santa Catarina é contestado.

"Somente em Ipuaçu, município do Oeste do Estado, existem cerca de 2 mil eleitores indígenas", compara Simeão Laércio Ramos, do Conselho Estadual do Índio.

Estima-se em cerca de 8 mil os Guarani, Xokleng e Kaingang que vivem no território catarinense. Na aldeia Xapecó, entre Ipuaçu e Entre Rios, vivem 3.485 Kaingang e Guarani, informa a Secretaria de Estado da Educação.

O assunto vai ser tratado na reunião plenária do Conselho do Índio marcada para seguda-feira. "Poderemos pedir uma recontagem", avisa Ramos. O Conselho é formado por 24 integrantes, 12 representantes dos índios, seis de entidades governamentais e seis de não-governamentais.

A disparidade entre o número apresentado e a realidade pode ser prejudicial à causa indígena no Estado. O dado do IBGE embasa a criação de políticas públicas. Se houver uma reivindicação de medicamentos, por exemplo, será levado em conta o número oficial. O mesmo vale para o recebimento de vacinas e cestas básicas.

Na reserva Duque de Caxias, em José Boiteux, vivem os Xokleng. Calcula-se em 2 mil os índios. "Estamos diante de um erro crasso que precisa ser corrigido", diz Ramos.

A situação também preocupa o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), órgão da Igreja Católica. "Os índios já são minoria e ainda sofrem mais esta diminuição", protesta Clóvis Brighenti. A coordenação regional está analisando a situação.

Brighenti diz que o dado do IBGE coloca em questão todo o censo. "Entendemos como uma questão de confiabilidade", diz o integrante do Cimi. Em 1998 o Cimi recolheu dados para investigar a questão das terras no Estado. Eram cerca de 1,2 mil Guarani, 4 mil Kaingang e em torno de 2 mil Xokleng.

O dado do IBGE é preliminar, sendo que até o final do ano será divulgado o censo definitivo. Alterações poderão ocorrer, admite o diretor da Divisão de Pesquisa do IBGE em Santa Catarina, Maurício Batista. Para o IBGE a diferença pode ser explicada pela forma como o questionário foi preenchido. O dado é compilado de acordo com o que declara o entrevistado. Para o Cimi, a explicação não convence: o índio não costuma negar a sua raça.
 

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