De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
RAPOSA SERRA DO SOL - Manifestação é transferida para Boa Vista
04/04/2008
Autor: Andrezza Trajano
Fonte: Folha de Boa Vista
Manifestantes contrários à retirada de produtores de arroz da terra indígena Raposa Serra do Sol transferiram provisoriamente ontem os protestos da Vila do Surumu para Boa Vista. Carregando faixas, cartazes e interditando o trânsito, eles pediam o cancelamento imediato da Operação Upatakon 3, realizada pela Polícia Federal, que visa a retirada de habitantes não-índios da terra indígena.
As manifestações iniciaram na manhã de quinta-feira, enquanto parlamentares e representantes de diversos segmentos da sociedade civil assinavam a Carta de Judicialização na Assembléia Legislativa de Roraima (veja matéria na página 4A).
Os manifestantes acompanharam no pleno da Assembléia a assinatura da carta. Do lado de fora, outros manifestantes carregando faixas e cartazes diziam não à retirada dos não-índios e arrozeiros da Raposa Serra do Sol. Seis carretas foram colocadas em frente do prédio do Legislativo atrapalhando o trânsito.
O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar foi chamado para manter a segurança e a ordem pública. De acordo com a PM, mais de 300 pessoas estiveram presentes no protesto. Não houve qualquer incidente.
Antes de deixar a Assembléia, o deputado federal Márcio Junqueira, que disse ser um "observador" dos protestos, discursou para os manifestantes, que em comum acordo cantaram o Hino Nacional.
"Mais uma vez está provado que este não é um movimento dos arrozeiros, e sim de defesa de Roraima. Chegou a hora de dar um basta na miséria, no descaso praticado pelo Governo Federal. Enquanto a Polícia Federal está carregada de armas para tirar pais de família da região, nós estamos armados de esperança e de vontade de trabalhar", discursou o parlamentar.
Manifestantes pró-arrozeiros almoçam em restaurante e mandam pôr na conta de Lula
Com o fim dos protestos em frente da Assembléia Legislativa, mais de 100 manifestantes seguiram para o restaurante Tulipa, no bairro São Francisco, em ônibus e outros veículos. Por cerca de duas horas eles almoçaram e lancharam, mas na hora de pagar as despesas mandaram colocar na conta do presidente da República os R$ 2.320,00 consumidos.
"Se ele [Lula] tem R$ 2 milhões para gastar na Operação Upatakon 3, tem para pagar o nosso almoço", disse a desempregada Maria Patrícia Cunha, justificando ser "um absurdo" tamanho investimento em uma operação policial, enquanto ela e suas duas filhas passam fome. No local também almoçam policiais federais que participam da Operação Upatakon 3.
O também desempregado Ronilson Silva levou a mulher e os filhos que, segundo ele, nunca tinham comido tão bem. "Pela primeira vez Lula deu a mim e a minha família comida e sobremesa. No entanto, esse valor que alimentou mais de 100 bocas, o presidente gasta em uma única garrafa de vinho", ironizou.
Sempre em tom de ironia, manifestantes diziam que as despesas seriam pagas pelo presidente Lula, Nagib Lima (coordenador do Comitê Gestor das Ações do Governo Federal em Roraima) ou pela Polícia Federal.
Mais uma vez a Polícia Militar foi chamada para conter os ânimos. Todos os envolvidos foram encaminhados ao 1 Distrito Policial. Lá o presidente da Federação das Associações de Moradores do Estado de Roraima (Famer), Faradilson Mesquita, que estava presente ao protesto no restaurante, assumiu a dívida e os manifestantes foram liberados.
"Nós somos ordeiros, vamos pagar. Apenas queríamos fazer um protesto, mostrar que Roraima sofre, passa fome e está prestes a perder os seus principais produtores", ressaltou Mesquita.
Indígenas contrários à homologação tomam fitas de equipe da TV Ativa
Uma equipe de reportagem da TV Ativa, canal 20, afiliada da TV Gazeta, teve o seu material de trabalho subtraído ontem por manifestantes contrários à homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol, enquanto trabalhavam na Vila Surumu, epicentro dos conflitos. O caso foi registrado na Polícia Federal.
Segundo o proprietário da emissora, Robério Araújo, o trabalho consistia em ouvir todas as partes envolvidas para produção de um trabalho jornalístico imparcial. A equipe de reportagem chegou ao Surumu por volta das 6h desta quinta-feira, para fazer uma cobertura jornalística da manifestação.
De acordo com o repórter cinematográfico Harlisson Silva, logo quando eles chegaram à região, um vereador do Contão, conhecido como Tuxaua Genival, que apóia os arrozeiros, teria tentado tomar sua câmera filmadora. No entanto, ele teria sido acalmado pelos demais manifestantes.
A produção da reportagem seguiu normalmente até as 14h. O jornalista Johann Barbosa disse que entrevistou tanto os indígenas favoráveis quanto os contrários à homologação da terra indígena. Quando a equipe entrou no carro para retornar a Boa Vista, aproximadamente 30 homens contrários à homologação cercaram o veículo.
"Eles exigiram todo o nosso material e o vereador tentou tomar a minha câmera. Foi preciso usar a força física para contê-lo. Também quiseram levar as baterias da câmera, mas novamente reagimos. Então, entreguei as quatro fitas que continham horas de gravação", relatou Harlisson Silva.
A equipe da TV Ativa voltou a Boa Vista e registrou o caso na Polícia Federal. Conforme o empresário Robério Araújo, o fato também será registrado na Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil.
JUSTIFICATIVA - De acordo com a indígena Téia Mota, que diz representar os moradores do Distrito de Surumu, as fitas da reportagem teriam sido tomadas por indígenas do Contão, que apóiam a permanência dos arrozeiros e não-índios na Raposa Serra do Sol.
Eles teriam ficado insatisfeitos com a gravação realizada com os índios da Comunidade do Barro, pertencentes ao Conselho Indígena de Roraima (CIR), favoráveis à homologação e à retirada imediata dos arrozeiros.
"Esse índios são falsos, eles montaram um teatro para os jornalistas. Eles vivem deitados na rede dormindo ou arrumando confusão. Mas na hora que viram uma câmera, foram se pintar, dançar e ler a bíblia. E nós não concordamos com isso", justificou.
Segundo Téia, os indígenas teriam ficado chateados também com o horário em que os jornalistas estavam indo embora. "É justamente à noite que os índios do CIR aprontam, nos ofendem, e nós queríamos que a reportagem mostrasse isso para a população. Nós sabemos que tomar o material de trabalho deles foi errado, mas é um fato que dá para reconsiderar", frisou.
As manifestações iniciaram na manhã de quinta-feira, enquanto parlamentares e representantes de diversos segmentos da sociedade civil assinavam a Carta de Judicialização na Assembléia Legislativa de Roraima (veja matéria na página 4A).
Os manifestantes acompanharam no pleno da Assembléia a assinatura da carta. Do lado de fora, outros manifestantes carregando faixas e cartazes diziam não à retirada dos não-índios e arrozeiros da Raposa Serra do Sol. Seis carretas foram colocadas em frente do prédio do Legislativo atrapalhando o trânsito.
O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar foi chamado para manter a segurança e a ordem pública. De acordo com a PM, mais de 300 pessoas estiveram presentes no protesto. Não houve qualquer incidente.
Antes de deixar a Assembléia, o deputado federal Márcio Junqueira, que disse ser um "observador" dos protestos, discursou para os manifestantes, que em comum acordo cantaram o Hino Nacional.
"Mais uma vez está provado que este não é um movimento dos arrozeiros, e sim de defesa de Roraima. Chegou a hora de dar um basta na miséria, no descaso praticado pelo Governo Federal. Enquanto a Polícia Federal está carregada de armas para tirar pais de família da região, nós estamos armados de esperança e de vontade de trabalhar", discursou o parlamentar.
Manifestantes pró-arrozeiros almoçam em restaurante e mandam pôr na conta de Lula
Com o fim dos protestos em frente da Assembléia Legislativa, mais de 100 manifestantes seguiram para o restaurante Tulipa, no bairro São Francisco, em ônibus e outros veículos. Por cerca de duas horas eles almoçaram e lancharam, mas na hora de pagar as despesas mandaram colocar na conta do presidente da República os R$ 2.320,00 consumidos.
"Se ele [Lula] tem R$ 2 milhões para gastar na Operação Upatakon 3, tem para pagar o nosso almoço", disse a desempregada Maria Patrícia Cunha, justificando ser "um absurdo" tamanho investimento em uma operação policial, enquanto ela e suas duas filhas passam fome. No local também almoçam policiais federais que participam da Operação Upatakon 3.
O também desempregado Ronilson Silva levou a mulher e os filhos que, segundo ele, nunca tinham comido tão bem. "Pela primeira vez Lula deu a mim e a minha família comida e sobremesa. No entanto, esse valor que alimentou mais de 100 bocas, o presidente gasta em uma única garrafa de vinho", ironizou.
Sempre em tom de ironia, manifestantes diziam que as despesas seriam pagas pelo presidente Lula, Nagib Lima (coordenador do Comitê Gestor das Ações do Governo Federal em Roraima) ou pela Polícia Federal.
Mais uma vez a Polícia Militar foi chamada para conter os ânimos. Todos os envolvidos foram encaminhados ao 1 Distrito Policial. Lá o presidente da Federação das Associações de Moradores do Estado de Roraima (Famer), Faradilson Mesquita, que estava presente ao protesto no restaurante, assumiu a dívida e os manifestantes foram liberados.
"Nós somos ordeiros, vamos pagar. Apenas queríamos fazer um protesto, mostrar que Roraima sofre, passa fome e está prestes a perder os seus principais produtores", ressaltou Mesquita.
Indígenas contrários à homologação tomam fitas de equipe da TV Ativa
Uma equipe de reportagem da TV Ativa, canal 20, afiliada da TV Gazeta, teve o seu material de trabalho subtraído ontem por manifestantes contrários à homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol, enquanto trabalhavam na Vila Surumu, epicentro dos conflitos. O caso foi registrado na Polícia Federal.
Segundo o proprietário da emissora, Robério Araújo, o trabalho consistia em ouvir todas as partes envolvidas para produção de um trabalho jornalístico imparcial. A equipe de reportagem chegou ao Surumu por volta das 6h desta quinta-feira, para fazer uma cobertura jornalística da manifestação.
De acordo com o repórter cinematográfico Harlisson Silva, logo quando eles chegaram à região, um vereador do Contão, conhecido como Tuxaua Genival, que apóia os arrozeiros, teria tentado tomar sua câmera filmadora. No entanto, ele teria sido acalmado pelos demais manifestantes.
A produção da reportagem seguiu normalmente até as 14h. O jornalista Johann Barbosa disse que entrevistou tanto os indígenas favoráveis quanto os contrários à homologação da terra indígena. Quando a equipe entrou no carro para retornar a Boa Vista, aproximadamente 30 homens contrários à homologação cercaram o veículo.
"Eles exigiram todo o nosso material e o vereador tentou tomar a minha câmera. Foi preciso usar a força física para contê-lo. Também quiseram levar as baterias da câmera, mas novamente reagimos. Então, entreguei as quatro fitas que continham horas de gravação", relatou Harlisson Silva.
A equipe da TV Ativa voltou a Boa Vista e registrou o caso na Polícia Federal. Conforme o empresário Robério Araújo, o fato também será registrado na Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil.
JUSTIFICATIVA - De acordo com a indígena Téia Mota, que diz representar os moradores do Distrito de Surumu, as fitas da reportagem teriam sido tomadas por indígenas do Contão, que apóiam a permanência dos arrozeiros e não-índios na Raposa Serra do Sol.
Eles teriam ficado insatisfeitos com a gravação realizada com os índios da Comunidade do Barro, pertencentes ao Conselho Indígena de Roraima (CIR), favoráveis à homologação e à retirada imediata dos arrozeiros.
"Esse índios são falsos, eles montaram um teatro para os jornalistas. Eles vivem deitados na rede dormindo ou arrumando confusão. Mas na hora que viram uma câmera, foram se pintar, dançar e ler a bíblia. E nós não concordamos com isso", justificou.
Segundo Téia, os indígenas teriam ficado chateados também com o horário em que os jornalistas estavam indo embora. "É justamente à noite que os índios do CIR aprontam, nos ofendem, e nós queríamos que a reportagem mostrasse isso para a população. Nós sabemos que tomar o material de trabalho deles foi errado, mas é um fato que dá para reconsiderar", frisou.
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