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Notícias

RAPOSA SERRA DO SOL - PF vai desarmar população em Surumu

15/04/2008

Autor: Andrezza Tajano

Fonte: Folha de Boa Vista




Sessenta homens da Força Nacional de Segurança partiram na tarde de ontem para a terra indígena Raposa Serra do Sol, onde iniciarão o trabalho de segurança pública com a finalidade de evitar novos conflitos na região. Hoje 70 policiais federais seguem para a região, fortalecendo a atividade.

O trabalho atende à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que mandou a Polícia Federal cuidar da paz na região na mesma decisão em que indeferiu recurso da Advocacia-Geral da União, na semana passada, que recorreu contra a suspensão da retirada dos não-índios da reserva.

A missão, que agora é executada pelos policiais da Upatakon 3, tem uma nova configuração, segundo o coordenador-geral da operação, delegado Fernando Segóvia.

Ao invés da desintrusão, será realizado o desarmamento da população, que durante as manifestações contrárias à retirada de habitantes não-índios da terra indígena, nas últimas semanas, utilizaram armamentos, coquetéis molotov e artefatos explosivos.

A Polícia Federal começou a se fixar em Surumu na sexta-feira da semana passada, quando os agentes federais fizeram incursão na Vila Surumu, quando foram estabelecidos os primeiros diálogos sobre o trabalho de segurança pública que será realizado durante a operação.

Federais e militares da Força Nacional vão instalar bases em pontos estratégicos

Conforme a Assessoria de Comunicação da Polícia Federal, serão instaladas bases permanentes e móveis em pontos estratégicos na Raposa Serra do Sol. Os soldados da Força Nacional enviados ontem ficarão alojados em barracas, próximos da entrada da Vila Surumu, entrada principal para a reserva.

Os 70 policiais que irão hoje para a região vão dividir em pontos fixos na Vila Surumu, por todo o Município de Pacaraima, na área rural de Boa -Vista onde fica o acesso à balsa na região do Passarão - e em locais onde serão feitas barreiras móveis.

Ainda de acordo com a Assessoria, se preciso for, novos homens podem ser enviados e também podem ser utilizados prédios públicos dentro da reserva para acomodar os policiais.

Até que ocorra uma nova decisão do Supremo Tribunal Federal, que deve durar em média sessenta dias, todos os acessos à terra indígena serão monitorados com a instalação de barreiras, buscando evitar novos bloqueios ou destruição de pontes e estradas. A PF vai revistar todas as pessoas que transitarem na Raposa Serra do Sol, seja índio ou não-índio.

O superintendente da PF em Roraima, José Maria Fonseca, afirmou que, nesta nova missão, os agentes usarão menos armamento do que o previsto na ação de retirada dos arrozeiros. Ele não informou o tipo de armas e ressaltou apenas que seria o "estritamente necessário".

Manifestantes invadem escola municipal

As aulas da escola Padre José de Anchieta, na Vila Surumu, em Pacaraima, que estavam paradas desde março desse ano, quando iniciaram os conflitos na Vila Surumu, deveriam ter iniciado ontem, mas novamente serão adiadas.

Um grupo de manifestantes, contrários à retirada de habitantes não-índios e produtores de arroz da Raposa Serra do Sol, ocuparam o prédio da escola na noite de domingo. De acordo com o índio macuxi José Brasão, a ocupação aconteceu devido ao fato de a escola apresentar péssimas condições de funcionamento, desde que passou a ficar sob a tutela do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que defende a saída dos não-índios.

Um outro motivo para a ocupação seria também a possibilidade de a Polícia Federal ocupar as dependências da escola como alojamento. "A escola não é quartel, não toleraremos que a utilizem como base de trabalho", reclamou Brasão.

Segundo ele, algumas pessoas permanecem acampadas na escola, inclusive dormindo e fazendo refeições diárias. "Só vamos sair daqui quando o novo prefeito Paulo César Quartiero iniciar o trabalho de reforma", avisou.

De acordo com o a CIR, houve atrito no mesmo dia, quando alunos e professores chegaram ao local. Quatro pessoas teriam sido agredidas. As vítimas seriam levadas para registrar ocorrência na Superintendência da PF.

No entanto, até o fechamento desta edição, às 19h, segundo a Assessoria de Comunicação da PF, ninguém havia comparecido para registrar ocorrência.

Os índios que estão ocupando a escola negam que tenham agredido alguém.
 

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