De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Índios ajudam a identificar atiradores
08/05/2008
Fonte: O Globo, O País, p. 8
Índios ajudam a identificar atiradores
Macuxis duvidam de paz na região se demarcação contínua for cancelada
Evandro Éboli Enviado especial
Os índios macuxi baleados anteontem pelos seguranças do fazendeiro Paulo César Quartiero foram fundamentais na identificação dos responsáveis pelo ataque e também pela prisão do arrozeiro. Os oito que foram atingidos por balas ou estilhaços de pólvora compareceram à Polícia Federal e ajudaram a apontar os responsáveis pela ação que levou o governo a reforçar o policiamento na região.
Ontem, quatro das vítimas estavam na sede do Conselho Indígena de Roraima (CIR), em Boa Vista, onde se recuperavam do susto e cuidavam de seus ferimentos. As marcas das balas e do chumbo ainda estão em seus corpos. Tiago Pereira de Souza, de 14 anos, foi atingido na perna esquerda por um tiro.
Segundo os autos da Polícia Federal, os indígenas foram atingidos por disparos de espingarda calibre 12, como é possível constatar nas imagens gravadas pelas próprias vítimas. Tiago se lembra apenas que, mesmo atingido, continuou correndo.
- Senti um peso na minha perna. Mas não dava para parar e olhar o que era. Corri o máximo para não ter que morrer - disse Tiago, que ontem reviu as imagens de seu atendimento.
A mãe de Tiago, Teresa Pereira de Souza, contou com detalhes o que ocorreu. Cerca de cem índios invadiram um pequeno pedaço da fazenda Depósito, de Quartiero, e começaram a armar barracas. Dois motoqueiros ligados ao fazendeiro, sem capuz, foram ver o que ocorria. De surpresa, segundo Teresa, chegou um grupo de 20 funcionários da fazenda. Quatro deles, segundo Teresa, encapuzados e armados, correram em direção aos índios.
- Eles nos provocaram, com palavrões, e queriam que a gente reagisse. Mas não caímos na deles. Aí começaram a atirar e jogar bombas. Era bala para todo lado, e o chumbo se espalhava. Vi muita gente caindo do meu lado, e ajudei a socorrer os que pude - relatou Teresa.
No vídeo, ela aparece ajudando a levar um dos feridos numa caminhonete da Polícia Federal.
Os nove feridos foram atendidos em Pacaraima, cidade onde Quartiero é prefeito. Apenas depois seguiram para Boa Vista.
Alcides Souza, de 48 anos, foi quem mais sofreu com os ataques. Ele foi operado anteontem no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, para retirada de estilhaços do corpo. Num leito da enfermaria do hospital, Alcides contou que não imaginava que seriam atacados. Pai de oito filhos, ele afirmou que deseja ter o direito de pescar no lago tomado pela fazenda Depósito.
- Antigamente era assim.
Mesmo depois da demarcação, os arrozeiros insistem em ficar na nossa terra. Tenho a esperança que essas balas que levei sirvam para meu povo recuperar o que é seu - disse Alcides, que deve receber alta em breve.
No Conselho Indígena de Roraima, os índios demonstravam um pouco de apreensão, mas dizem que não fugirão da luta. Eles vão esperar o julgamento final da ação contra a demarcação da Raposa Serra do Sol, no STF, para avaliar que decisão tomar.
- Difícil, depois desses tiros, que tenha paz em Raposa, se a Justiça não nos der ganho de causa - disse a indígena Teresa Pereira.
O Globo, 08/05/2008, O País, p. 8
Macuxis duvidam de paz na região se demarcação contínua for cancelada
Evandro Éboli Enviado especial
Os índios macuxi baleados anteontem pelos seguranças do fazendeiro Paulo César Quartiero foram fundamentais na identificação dos responsáveis pelo ataque e também pela prisão do arrozeiro. Os oito que foram atingidos por balas ou estilhaços de pólvora compareceram à Polícia Federal e ajudaram a apontar os responsáveis pela ação que levou o governo a reforçar o policiamento na região.
Ontem, quatro das vítimas estavam na sede do Conselho Indígena de Roraima (CIR), em Boa Vista, onde se recuperavam do susto e cuidavam de seus ferimentos. As marcas das balas e do chumbo ainda estão em seus corpos. Tiago Pereira de Souza, de 14 anos, foi atingido na perna esquerda por um tiro.
Segundo os autos da Polícia Federal, os indígenas foram atingidos por disparos de espingarda calibre 12, como é possível constatar nas imagens gravadas pelas próprias vítimas. Tiago se lembra apenas que, mesmo atingido, continuou correndo.
- Senti um peso na minha perna. Mas não dava para parar e olhar o que era. Corri o máximo para não ter que morrer - disse Tiago, que ontem reviu as imagens de seu atendimento.
A mãe de Tiago, Teresa Pereira de Souza, contou com detalhes o que ocorreu. Cerca de cem índios invadiram um pequeno pedaço da fazenda Depósito, de Quartiero, e começaram a armar barracas. Dois motoqueiros ligados ao fazendeiro, sem capuz, foram ver o que ocorria. De surpresa, segundo Teresa, chegou um grupo de 20 funcionários da fazenda. Quatro deles, segundo Teresa, encapuzados e armados, correram em direção aos índios.
- Eles nos provocaram, com palavrões, e queriam que a gente reagisse. Mas não caímos na deles. Aí começaram a atirar e jogar bombas. Era bala para todo lado, e o chumbo se espalhava. Vi muita gente caindo do meu lado, e ajudei a socorrer os que pude - relatou Teresa.
No vídeo, ela aparece ajudando a levar um dos feridos numa caminhonete da Polícia Federal.
Os nove feridos foram atendidos em Pacaraima, cidade onde Quartiero é prefeito. Apenas depois seguiram para Boa Vista.
Alcides Souza, de 48 anos, foi quem mais sofreu com os ataques. Ele foi operado anteontem no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, para retirada de estilhaços do corpo. Num leito da enfermaria do hospital, Alcides contou que não imaginava que seriam atacados. Pai de oito filhos, ele afirmou que deseja ter o direito de pescar no lago tomado pela fazenda Depósito.
- Antigamente era assim.
Mesmo depois da demarcação, os arrozeiros insistem em ficar na nossa terra. Tenho a esperança que essas balas que levei sirvam para meu povo recuperar o que é seu - disse Alcides, que deve receber alta em breve.
No Conselho Indígena de Roraima, os índios demonstravam um pouco de apreensão, mas dizem que não fugirão da luta. Eles vão esperar o julgamento final da ação contra a demarcação da Raposa Serra do Sol, no STF, para avaliar que decisão tomar.
- Difícil, depois desses tiros, que tenha paz em Raposa, se a Justiça não nos der ganho de causa - disse a indígena Teresa Pereira.
O Globo, 08/05/2008, O País, p. 8
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