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Notícias

Operação Upatakon 3 - Policiamento da Raposa será intensificado

29/05/2008

Autor: Andrezza Trajano

Fonte: Folha de Boa Vista



A coordenação da Operação Upatakon 3, da Polícia Federal (PF) e Força Nacional de Segurança (FNS), responsáveis pela mediação dos conflitos entre índios e não-índios na terra indígena Raposa Serra do Sol, ao norte de Roraima, deverá mudar de tática. Conforme informações apuradas pela Folha, os policiais vão intensificar a fiscalização e implantar um sistema de policiamento preventivo e repressivo na área indígena.

A mudança no direcionamento dos trabalhos já vem sendo costurada há dias. Alguns policiais estiveram nos últimos dias em Brasília, onde informaram a seus superiores sobre a necessidade de mudar o foco da operação.

Ontem pela manhã, os delegados da Polícia Federal Fernando Segóvia, coordenador-geral de Defesa Institucional da PF, e Jonas Cleber Rossatti voltaram a sobrevoar a reserva para monitorar a região e definir as novas estratégias de operação.

Rossatti trabalhou em Roraima no início da Operação Upatakon 3 e agora retornou para substituir o coordenador regional da Upatakon 3, Fernando Romero. Segundo fontes da PF, Romero vai retornar para o Mato Grosso. Foi ele que prendeu por duas vezes o líder dos rizicultores e prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM).

A nova atuação dos policiais será imprescindível para evitar um possível conflito entre índios e não-índios nos próximos dias, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá julgar o mérito da primeira de 33 ações que tramitam na Casa, contra a homologação da Raposa Serra do Sol de forma contínua. A Polícia Federal presume que pode ocorrer violência por qualquer uma das partes que se sentir prejudicada. O ministro Calos Ayres Britto é o relator das ações.

Serão feitos por homens da FNS patrulhamentos permanentes na reserva, a fim de evitar a entrada de armas, invasão de propriedades privadas e bloqueio de estradas.

No fim de semana, a base dos soldados da Força Nacional, montada no Projeto São Marcos, às margens da BR-174, foi transferida para a sede do Município de Pacaraima, fronteira com a Venezuela. De acordo com o subcomandante da FNS, capitão Douglas Pereira, a mudança aconteceu por questões estratégicas e para oferecer melhor infra-estrutura aos soldados. Desde o início da operação, em março, que os policiais estavam alojados no local.

Histórico
Na semana passada, o delegado Fernando Segóvia anunciou o aumento do efetivo policial em 100%. De 350, o número subirá para 700. Um helicóptero Bell 412 da PF, com capacidade para transportar 15 pessoas, já está no Estado desde o fim de semana, para apoiar os policiais nas atividades em deslocamentos rápidos.

A terra indígena Raposa Serra do Sol, homologada em 2005 pelo Governo Federal, é alvo de disputa entre índios e não-índios. Conforme a PF, vivem na região de 1,7 milhão de hectares cerca de 19 mil índios e 200 não-índios.

Existem na reserva seis fazendas de arroz de cinco proprietários, além de 53 pequenas propriedades agrícolas. De acordo com o Governo de Roraima, os rizicultores são responsáveis por 6% do Produto Interno Bruto (PIB) e geram mais de 6 mil empregos.

A PF não tem prazo para deixar a reserva. Segundo determinação do ministro da Justiça, Tarso Genro, o tempo mínimo estimado é de seis meses, caso o STF confirme a demarcação contínua. Senão, o prazo deve se estender por um ano.

Em fiscalizações já realizadas pela Força Nacional de Segurança na reserva, dois indígenas foram presos por estarem armados na região e um outro indígena foi preso por desacato. Um não-índio também foi preso por portar munição ilegal na área. Ao mesmo tempo, foram apreendidas diversas bebidas alcoólicas em poder de índios e não-índios.
 

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