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Índios xicrin de Água Azul do Norte e Parauapebas podem invadir a Vale

31/10/2002

Fonte: O Liberal-Belém-PA



Documentos anexos


Os índios xicrin das aldeias Cateté e Jujecô, localizadas entre os municípios de Água Azul do Norte e Parauapebas, sul do Pará, não descartam a possibilidade de nova invasão das minas de ferro e das instalações da Companhia Vale do Rio Doce, na Serra dos Carajás, caso a empresa continuar se recusando a aumentar o valor das indenizações pagas à Associação Indígena Bepnoi, que cuida dos interesses da tribo. Anteontem, em Brasília, na sede da Funai, durante reunião de líderes indígenas com o presidente do órgão, Artur Mendes, e com o gerente de Meio Ambiente da Vale, Raimundo Júnior, ficou decidido que no dia 16 de novembro haverá outro encontro para que a questão seja definida de vez. Os índios saíram insatisfeitos, criticando o baixo valor dos repasses que a Vale faz.

A empresa apenas prometeu estudar uma maneira de ajudar os índios a quitar a dívida de R$ 500 mil que eles contraíram no comércio de Parauapebas e Água Azul. Segundo os índios, eles também querem que a Vale passe a investir mais na qualidade de vida dos índios, apoiando projetos de atividades produtivas. Foram entregues projetos, entre os quais o da produção de castanha-do-pará.

Pouco - Os caciques xicrin se comprometeram a não fazer mais despesas no comércio local. Na próxima reunião, a Vale dará uma resposta aos índios sobre as propostas apresentadas. O cacique Bepkaroti, da aldeia Catete, pleiteia que a Vale aumente o valor do repasse, que é de R$ 55 mil mensais para as despesas da comunidade, além de R$ 44 mil para a Associação Bepnoi, entidade responsável pela saúde dos 1.100 xicrins e também da produção de castanha-do-pará, além da manutenção dos seis veículos pertencentes às duas comunidades."Estamos com dívidas altas e já começamos a perder o crédito na praça", contou Bepkaroti.

Cerveja - A Vale alega estar em dia com os repasses de verbas previstos no convênio firmado com a Associação Indígena Bepno. O convênio prevê dinheiro para educação, assistência à saúde, atividades produtivas, vigilância da reserva e administração, a fim de promover o desenvolvimento sustentável da comunidade. A empresa diz que não tem responsabilidade sobre dívidas e gastos pessoais contraídos pelos índios.O LIBERAL entrou em contato com comerciantes de Parauapebas, que informaram estar fechando crédito para os índios. "Tem dívidas aqui de todo jeito, até de cerveja e cachaça", disse um comerciante que preferiu não se identificar.
 

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