De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Três arrozeiros dizem que não vão sair
24/04/2009
Autor: ANDREZZA TRAJANO
Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=60615
A sete dias de encerrar o prazo estipulado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que os habitantes não-índios deixem à terra indígena Raposa Serra do Sol, ao Norte de Roraima, três plantadores de arroz afirmam que vão permanecer na reserva.
No mês passado, o STF validou o processo demarcatório da área de 1,7 milhão de hectares em faixa contínua e deu prazo até o dia 30 desse mês para que todos os não-índios que ainda vivem lá deixem o local de forma pacífica, evitando uma execução forçada da sentença.
A Folha ouviu ontem os seis arrozeiros que plantam na região. Três deles informaram que vão desocupar as fazendas dentro do prazo, dois disseram que vão aguardar o fim da colheita, já que têm arroz plantado nas lavouras, e um declarou que só deixará a região quando for indenizado de forma prévia e de justo valor, além de ser reassentado em área compatível com atividade de produção, como prometeu o Governo Federal.
De acordo com a empresária Tatiana Faccio, filha do falecido rizicultor Luiz Afonso Faccio, não será possível desocupar a fazenda Canadá, de propriedade da família, dentro do prazo determinado pela Justiça. Ela ingressou com medidas judiciais para permanecer na região até o fim da colheita.
Tatiana disse que grande parte do maquinário já foi retirada da propriedade, mas que manterá na fazenda equipamentos necessários para manter a qualidade do arroz que ainda está plantado nas lavouras e para a colheita. Ela não soube informar a quantidade de hectares da fazenda nem para onde está levando os equipamentos retirados da propriedade.
Com o mesmo entendimento, o rizicultor Paulo César Quartiero declarou que só vai desocupar as fazendas Depósito, de 5 mil hectares, e Providência, de 4,2 mil hectares, quando a colheita de arroz for concluída. Ele também alegou que o prazo dado pela Justiça é insuficiente.
Quartiero já tirou boa parte do maquinário, mas irá manter as bombas de irrigação e algumas máquinas para colheita do grão. A justificativa, segundo ele, é válida. Nas propriedades estão plantados ainda R$ 3 milhões em arroz, e o grão só estará pronto para ser retirado do pé no final de maio.
"Estou colhendo ainda. Não posso tirar as bombas senão o arroz morre. Vou continuar lá até tirar o arroz, a não ser que a Polícia Federal me coloque para correr", ironizou.
Quartiero disse que está colocando máquinas e equipamentos retirados das fazendas no prédio da usina de arroz, localizado no Distrito Industrial, em Boa Vista. Mas ainda não tem onde colocar as 4 mil cabeças de gado que possui. Até lá, o gado vai permanecer nas propriedades.
Demonstrando irritação, o arrozeiro Ivalcir Centenaro informou que não desocupará a fazenda Praia Grande, de 2 mil hectares, que possui na reserva, enquanto não receber indenização prévia e de justo valor referente às benfeitorias e também enquanto não for reassentado em área compatível com atividade de produção.
"O decreto federal nos deu garantias, mas até agora nenhuma foi cumprida. Isso [demarcação da reserva] foi uma armação que todo mundo aceitou. Essa área nunca foi indígena. Como brasileiro, não aceito isso", protestou.
Conforme Centenaro, ele concluiu a colheita de arroz na semana passada e já retirou equipamentos agrícolas da propriedade. Uma parte foi levada para a usina de arroz que ele mantém no Monte Cristo e a outra deixou em terras de amigos que arrendou. O gado também já foi realocado em outra fazenda dele fora da terra indígena. Já os cavalos, porcos e outros animais pequenos, Centenaro informou que deixará na Praia Grande. "O bom seria se pudéssemos levar a terra", ironizou Centenaro.
Demais rizicultores afirmam que vão sair até o fim do mês
Se dizendo um "sem-terra", o arrozeiro Ivo Barilli afirmou à Folha que vai cumprir a decisão do STF e retirar até o final desse mês todos os equipamentos agrícolas que ainda estão dentro de sua fazenda Tatu, de 9.300 hectares, na Raposa Serra do Sol.
Alguns equipamentos que ele já tirou estão na sede da usina de arroz, no Distrito Industrial. As máquinas que não podem levar sol nem chuva, ele informou que alugou um terreno com um barracão no bairro Centenário, para guardar o material. O aluguel do espaço custa R$ 2 mil.
Barilli revelou que, diferente dos outros rizicultores, não cria mais gado, uma vez que todos que tinha foram roubados na reserva. Essa semana ele conseguiu colher 75 mil sacas de arroz, finalizando a colheita.
Ele ainda está procurando um terreno para plantar arroz, mas não encontra terras para plantar, "além de correr risco com novas demarcações". No momento, está procurando terras na região de Normandia.
O rizicultor Genor Faccio também informou que deixará a reserva dentro do prazo determinado. Ele explicou que plantava em sociedade com o falecido tio dele, Luiz Afonso Faccio, mas que já colheu toda a parte de arroz dele referente à última safra.
As máquinas que ele retirou da fazenda estão sendo colocadas em outra propriedade no Município de Bonfim. O gado foi igualmente levado para lá.
Nessa fazenda do Bonfim, Faccio planta mil hectares de arroz. Na Raposa Serra do Sol, ele plantava 1.250 hectares. O rizicultor já prevê a queda de seus negócios. "O governo prometeu em um decreto cumprir 15 itens conosco, mas até agora não cumpriu nenhum. Vou plantar menos da metade do que plantava antes", criticou.
O presidente da Associação dos Rizicultores de Roraima, Nelson Itikawa, ao mesmo tempo confirmou que praticamente já retirou todos os equipamentos agrícolas de suas fazendas Vizel, de 2.050 hectares, e Carnaúba, de 2.717 hectares. Em março ele concluiu a colheita do arroz.
O material retirado foi distribuído para a usina de arroz, no Distrito Industrial, e em áreas arrendas. O gado [mil cabeças] foi levado para uma região de mata que ele possui no Cantá. "Sei que minha plantação vai diminuir, mas vou continuar procurando uma área para plantar", disse.
Itikawa já planta arroz em terras arrendadas na fazenda Santa Cecília, no Cantá, e Asa Branca, em Normandia.
No mês passado, o STF validou o processo demarcatório da área de 1,7 milhão de hectares em faixa contínua e deu prazo até o dia 30 desse mês para que todos os não-índios que ainda vivem lá deixem o local de forma pacífica, evitando uma execução forçada da sentença.
A Folha ouviu ontem os seis arrozeiros que plantam na região. Três deles informaram que vão desocupar as fazendas dentro do prazo, dois disseram que vão aguardar o fim da colheita, já que têm arroz plantado nas lavouras, e um declarou que só deixará a região quando for indenizado de forma prévia e de justo valor, além de ser reassentado em área compatível com atividade de produção, como prometeu o Governo Federal.
De acordo com a empresária Tatiana Faccio, filha do falecido rizicultor Luiz Afonso Faccio, não será possível desocupar a fazenda Canadá, de propriedade da família, dentro do prazo determinado pela Justiça. Ela ingressou com medidas judiciais para permanecer na região até o fim da colheita.
Tatiana disse que grande parte do maquinário já foi retirada da propriedade, mas que manterá na fazenda equipamentos necessários para manter a qualidade do arroz que ainda está plantado nas lavouras e para a colheita. Ela não soube informar a quantidade de hectares da fazenda nem para onde está levando os equipamentos retirados da propriedade.
Com o mesmo entendimento, o rizicultor Paulo César Quartiero declarou que só vai desocupar as fazendas Depósito, de 5 mil hectares, e Providência, de 4,2 mil hectares, quando a colheita de arroz for concluída. Ele também alegou que o prazo dado pela Justiça é insuficiente.
Quartiero já tirou boa parte do maquinário, mas irá manter as bombas de irrigação e algumas máquinas para colheita do grão. A justificativa, segundo ele, é válida. Nas propriedades estão plantados ainda R$ 3 milhões em arroz, e o grão só estará pronto para ser retirado do pé no final de maio.
"Estou colhendo ainda. Não posso tirar as bombas senão o arroz morre. Vou continuar lá até tirar o arroz, a não ser que a Polícia Federal me coloque para correr", ironizou.
Quartiero disse que está colocando máquinas e equipamentos retirados das fazendas no prédio da usina de arroz, localizado no Distrito Industrial, em Boa Vista. Mas ainda não tem onde colocar as 4 mil cabeças de gado que possui. Até lá, o gado vai permanecer nas propriedades.
Demonstrando irritação, o arrozeiro Ivalcir Centenaro informou que não desocupará a fazenda Praia Grande, de 2 mil hectares, que possui na reserva, enquanto não receber indenização prévia e de justo valor referente às benfeitorias e também enquanto não for reassentado em área compatível com atividade de produção.
"O decreto federal nos deu garantias, mas até agora nenhuma foi cumprida. Isso [demarcação da reserva] foi uma armação que todo mundo aceitou. Essa área nunca foi indígena. Como brasileiro, não aceito isso", protestou.
Conforme Centenaro, ele concluiu a colheita de arroz na semana passada e já retirou equipamentos agrícolas da propriedade. Uma parte foi levada para a usina de arroz que ele mantém no Monte Cristo e a outra deixou em terras de amigos que arrendou. O gado também já foi realocado em outra fazenda dele fora da terra indígena. Já os cavalos, porcos e outros animais pequenos, Centenaro informou que deixará na Praia Grande. "O bom seria se pudéssemos levar a terra", ironizou Centenaro.
Demais rizicultores afirmam que vão sair até o fim do mês
Se dizendo um "sem-terra", o arrozeiro Ivo Barilli afirmou à Folha que vai cumprir a decisão do STF e retirar até o final desse mês todos os equipamentos agrícolas que ainda estão dentro de sua fazenda Tatu, de 9.300 hectares, na Raposa Serra do Sol.
Alguns equipamentos que ele já tirou estão na sede da usina de arroz, no Distrito Industrial. As máquinas que não podem levar sol nem chuva, ele informou que alugou um terreno com um barracão no bairro Centenário, para guardar o material. O aluguel do espaço custa R$ 2 mil.
Barilli revelou que, diferente dos outros rizicultores, não cria mais gado, uma vez que todos que tinha foram roubados na reserva. Essa semana ele conseguiu colher 75 mil sacas de arroz, finalizando a colheita.
Ele ainda está procurando um terreno para plantar arroz, mas não encontra terras para plantar, "além de correr risco com novas demarcações". No momento, está procurando terras na região de Normandia.
O rizicultor Genor Faccio também informou que deixará a reserva dentro do prazo determinado. Ele explicou que plantava em sociedade com o falecido tio dele, Luiz Afonso Faccio, mas que já colheu toda a parte de arroz dele referente à última safra.
As máquinas que ele retirou da fazenda estão sendo colocadas em outra propriedade no Município de Bonfim. O gado foi igualmente levado para lá.
Nessa fazenda do Bonfim, Faccio planta mil hectares de arroz. Na Raposa Serra do Sol, ele plantava 1.250 hectares. O rizicultor já prevê a queda de seus negócios. "O governo prometeu em um decreto cumprir 15 itens conosco, mas até agora não cumpriu nenhum. Vou plantar menos da metade do que plantava antes", criticou.
O presidente da Associação dos Rizicultores de Roraima, Nelson Itikawa, ao mesmo tempo confirmou que praticamente já retirou todos os equipamentos agrícolas de suas fazendas Vizel, de 2.050 hectares, e Carnaúba, de 2.717 hectares. Em março ele concluiu a colheita do arroz.
O material retirado foi distribuído para a usina de arroz, no Distrito Industrial, e em áreas arrendas. O gado [mil cabeças] foi levado para uma região de mata que ele possui no Cantá. "Sei que minha plantação vai diminuir, mas vou continuar procurando uma área para plantar", disse.
Itikawa já planta arroz em terras arrendadas na fazenda Santa Cecília, no Cantá, e Asa Branca, em Normandia.
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