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Índios da Venezuela pedem apoio do CIR

12/10/2009

Autor: WILLAME SOUSA

Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=71992




A índia da etnia Pemón Lisa Henrito, que lidera a comunidade indígena de Maurak, localizada em Santa Elena de Uairén, na Venezuela, veio a Roraima, na sexta-feira, em busca de apoio para combater uma invasão nas terras onde habitam povos de cinco comunidades indígenas. O objetivo da liderança foi pedir ajuda de entidades como o Conselho Indígena de Roraima (CIR) para auxiliar na retirada dos não-índios da região.

Ela já atuou na Federação Indígena do Estado de Bolívar e na coordenação de saúde indígena do Ministério de Saúde da Venezuela. Disse que todo o entorno da cidade de Santa Elena está em processo de demarcação e, por isso, não pode ser ocupado por não-índios. Entretanto, uma possível promessa feita pelo atual prefeito do município, Manuel de Jesus Valles, nas eleições de 2007, estaria atraindo pessoas de regiões vizinhas para as terras onde habitam as comunidades.

Valles teria feito promessas, em 2007, de ajudar habitantes de baixa renda das localidades vizinhas e dar lotes de terras a quem se mudasse para Santa Elena do Uairén. Contudo, com a indefinição fundiária, o município não teria condições de fazer cumprir o prometido, algo que estaria ocasionando as ocupações irregulares.

"Está ocorrendo invasão de pessoas não-indígenas e um crescimento desordenado do município. Alguns são de Santa Elena, mas a maioria é de outros municípios. Estão chegando, invadindo, tomando florestas e degradando o meio habitante. Nós, que amamos aquele lugar, não vamos permitir isto, independentemente se é uma política de governo ou uma ordem internacional", afirmou Lisa.

Atualmente, segundo ela, há 147 pessoas, em 40 barracas, que estariam ocupando irregularmente a área pertencente a aproximadamente 3.400 índios Pemón. Inclusive, dois ou três seriam brasileiros.


A líder indígena estava acompanhada de France Rodrigues, professora doutora de Ciências Sociais da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que a auxilia neste contato com lideranças roraimenses e na divulgação do assunto para a imprensa local. Lisa disse que os líderes das cinco comunidades afetadas já se reuniram com o prefeito Valles e com o governador do Estado Bolívar, General Francisco Rangel Gómez. Entretanto, as discussões não surtiram o efeito esperado.

A alternativa agora é solicitar apoio de lideranças brasileiras para fortalecer o movimento que tenta impedir e retirar os invasores das terras em disputa. "Estou repassando todos os números de telefones e e-mails para que Lisa tente contato com as lideranças de Roraima para apoiar o movimento deles, pois os índios de nosso Estado já viveram situação parecida com homologação das reservas São Marcos [em Pacaraima] e Raposa Serra do Sol [extremo Norte da unidade da Federação]", acrescentou France.

Indígena afirma que comunidades vão utilizar a força para retirar invasores

Na quarta-feira passada, indígenas das cinco comunidades entraram em conflito físico com os possíveis invasores. Para conter o confronto, conforme a liderança Lisa Henrito, a Guarda Nacional Venezuelana foi acionada. O saldo negativo para os índios na tentativa frustrada de retirada foram três feridos por bala de borracha. A índia afirma que os confrontos ocorrerão até que as terras sejam desocupadas.

Ela critica a atitude tomada pela Força Nacional, pois ao invés de separar o confronto sem tomar partido ou ficar ao lado dos indígenas, que seriam os reais proprietários das terras, os policiais se mostraram contrários aos índios.

"Houve um enfrentamento forte, pois fomos lá desalojá-los. É necessário conservar toda esta parte de savana. Não podemos continuar desta forma. Há muita delinquência em Santa Elena do Uairén, depois do início das invasões. Há um crescimento desorganizado, e não podemos permitir isto", diz ela, acrescentando, ainda, que existem indígenas ameaçados de morte por parte dos invasores.
 

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