De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias

Colonos e índios isolados querem aprender a usar o fogo

29/09/2003

Fonte: Midianews-Cuiabá-MT



Situada a 60 Km de Juína, a pequena comunidade de Fontanillas existe há mais de 40 anos e foi o marco da colonização na região. Com 300 pessoas formadas por pequenos colonos, está rodeada pelas águas do imenso rio Juruena, afluente do Tapajós e tem como vizinhos três grandes aldeias dos povos Rikbaktsa, os canoeiros.

Este ano, um grupo de 14 mulheres, liderado pela professora Elaine Lobato, formaram uma associação e entraram em contato com a coordenação regional do Programa Fogo em Juína e pediram a formação de um protocolo local de prevenção ao fogo unindo donas de casa, colonos, os Rikbaktsa e a pousada Recanto do Luar.

Isolada na floresta, sem coleta de lixo e orientação e com grande potencial turístico, a comunidade quer começar evitando a queima de lixo de brancos e índios. Debaixo de um pé de jaca, com professores, crianças, donas-de-casa, colonos, a diocese e coordenadores do Programa Fogo, a comunidade colocou seus problemas e necessidades e assinou o protocolo do fogo.
"Precisamos de ajuda e orientação. Nós, que vivemos da terra, somos pequenos, dependemos do fogo. O que eu tenho que falar não mando recado. Nós temos que queimar a qualquer preço. Mas esse programa pode nos ajudar a prevenir e organizar a queima. Mas nós dependemos de recursos para que isso aconteça. Não temos nem mesmo como fazer um acero de 2 hectares na enxada. Não podemos usar moto-serra que o Ibama não deixa. Há quinze anos a gente tinha uma moto-serra e não precisava registrar. Agora tomam da gente. O bandido que está na cidade, matando pais de família, quando é preso um advogado solta, enquanto nós, colonos, somos perseguidos e vivemos correndo do Ibama".

"Eles têm que vir aqui nos orientar e não nos assustar. Mostrem para nós como devemos trabalhar para o bem da nossa sociedade e do nosso país. Queremos conhecimento. O Ibama vir na minha propriedade e me multar em um milhão de reais, não vai adiantar, porque eu vou continuar queimando. Senão minha família vai morrer de fome. É a maior dificuldade para pedir autorização para desmatar, sem dinheiro não tem como estar de acordo com a lei. Esse sistema do Ibama não resolve. Eles não nos orientam e com os grandes proprietários, eles pagam advogados e se livram das multas. Queremos estar com vocês mas precisamos de ajuda com as autoridades." Nelson Cazuza de Souza[pequeno agricultor de Fontanillas]

Usar o fogo com responsabilidade"Nós não podemos esquecer na nossa responsabilidade. Eu me lembro que meu pai queimava mas nunca deixou o fogo passar para a propriedade do vizinho. Ele fazia o aceiro, caprichava, convidava os vizinhos para ajudar e depois retribuía. É preciso conscientizar de que quem coloca o fogo é responsável por ele. Fazendeiro tem máquina, trator. Os pequenos precisam do apoio das prefeituras ou de máquinas em sistema comunitário. O fogo é perigoso e deve ser usado onde é absolutamente necessário. O programa Fogo precisa nos ajudar mais em passar a informação, por isso precisamos dele aqui", disse o Padre Balduíno Loebens
 

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