De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Pesca dos povos tucanos
31/07/2013
Autor: CALBAZAR, Aloisio et al
Fonte: Ciência Hoje, n. 305, jul.2013, p. 28-31
Documentos anexos
Pesca dos povos tucanos
O uso de armadilhas no rio Tiquié
Na bacia do rio Negro, na Amazônia, grande parte da população é indígena, ribeirinha e pescadora. O peixe é o alimento básico da dieta, junto com produtos derivados da mandioca brava cultivada por essa população. O peixe tem significado relevante na cosmologia indígena, em especial pelas referências às origens comuns da 'gente peixe' e da humanidade, como tem sido registrado por estudos antropológicos. A pesca é praticada, pelos povos indígenas do rio Negro, de muitas formas, inclusive com o uso de armadilhas, e alguns desses instrumentos de pesca são o tema deste texto.
A região do alto rio Negro se estende por Brasil, Colômbia e Venezuela. Nos dois últimos estão as nascentes, cabeceiras e o curso inicial dos principais rios que formam o rio Negro. No Brasil, eles ganham volume e largura e tornam-se navegáveis, até confluírem para o canal principal do Negro, formando a maior bacia de 'águas pretas' do mundo - essas águas têm coloração escura por conter certos compostos gerados na decomposição do húmus florestal. Essa bacia, no noroeste da Amazônia, drena vasta área de floresta tropical úmida. O alto rio Negro é uma das regiões de maior volume de chuvas do Brasil, com médias entre 2,9 mil e 3,6 mil mm por ano, segundo dados (de 1976) do Projeto Radam Brasil.
Essa área apresenta sérias limitações ecológicas, com solos e águas ácidos, pobres em nutrientes e de baixa produtividade, ou seja, pequena geração de matéria orgânica devido à reduzida presença de micro-organismos. As principais formações florestais são florestas de terra firme, igapós (florestas inundáveis) e caatingas amazônicas (ou campinaranas). Essas caatingas ocupam extensas áreas, mas têm solos ácidos e mal drenados, que restringem a prática da agricultura.
Essa região abriga, desde tempos pré-históricos, populações indígenas que vivem basicamente de agricultura, pesca, coleta de frutos e insetos e caça. Hoje, no lado brasileiro do alto e do médio rio Negro, existem cerca de 700 povoações indígenas, com mais de 20 mil habitantes, sem incluir os residentes nas cidades da região. Em 1997, o governo federal efetivou a demarcação de cinco terras indígenas contínuas na região, somando mais de 106 mil km2. Esses fatores - a antiguidade da ocupação e sérias limitações ecológicas - levaram os povos que habitam essa região, segundo vários estudiosos, a longo processo de adaptação, durante o qual encontraram formas eficazes e sofisticadas de manejo da terra e de florestas, capoeiras, peixes e animais de caça.
Dentro dessa perspectiva, este texto enfoca aspectos do sistema de pesca de povos da região, orientado em observações permanentes dos ciclos de vida, das plantas (de igapós e da beira de rios) e dos peixes (em especial quanto à migração e à reprodução), e em referências corno o nível dos rios, o calendário astronômico e outras.
Serão apresentadas informações sobre os povos da família linguística Tukano Oriental do rio Tiquié, um dos mais povoados da área.
Aloisio Cabalzar
Instituto Socioambiental
Domingos Prado Marques (conhecedor tucano)
Flávio C. T. de lima
Museu de Zoologia, Universidade Estadual de Campinas
Guilherme Pimentel Tenório (conhecedor tuiuca)
Lucas Alves Bastos (agente indígena de manejo ambiental, tucano) associação das Tribos Indígenas do Alto Rio Tiquié (Atriart)
Roberval Pedrosa (agente indígena de manejo ambiental, tucano) Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Tiquié (Acimet)
Tarcísio Borges Barreto (conhecedor tucano)
Íntegra da matéria em pdf.
Ciência Hoje, n. 305, jul.2013, p. 28-31
O uso de armadilhas no rio Tiquié
Na bacia do rio Negro, na Amazônia, grande parte da população é indígena, ribeirinha e pescadora. O peixe é o alimento básico da dieta, junto com produtos derivados da mandioca brava cultivada por essa população. O peixe tem significado relevante na cosmologia indígena, em especial pelas referências às origens comuns da 'gente peixe' e da humanidade, como tem sido registrado por estudos antropológicos. A pesca é praticada, pelos povos indígenas do rio Negro, de muitas formas, inclusive com o uso de armadilhas, e alguns desses instrumentos de pesca são o tema deste texto.
A região do alto rio Negro se estende por Brasil, Colômbia e Venezuela. Nos dois últimos estão as nascentes, cabeceiras e o curso inicial dos principais rios que formam o rio Negro. No Brasil, eles ganham volume e largura e tornam-se navegáveis, até confluírem para o canal principal do Negro, formando a maior bacia de 'águas pretas' do mundo - essas águas têm coloração escura por conter certos compostos gerados na decomposição do húmus florestal. Essa bacia, no noroeste da Amazônia, drena vasta área de floresta tropical úmida. O alto rio Negro é uma das regiões de maior volume de chuvas do Brasil, com médias entre 2,9 mil e 3,6 mil mm por ano, segundo dados (de 1976) do Projeto Radam Brasil.
Essa área apresenta sérias limitações ecológicas, com solos e águas ácidos, pobres em nutrientes e de baixa produtividade, ou seja, pequena geração de matéria orgânica devido à reduzida presença de micro-organismos. As principais formações florestais são florestas de terra firme, igapós (florestas inundáveis) e caatingas amazônicas (ou campinaranas). Essas caatingas ocupam extensas áreas, mas têm solos ácidos e mal drenados, que restringem a prática da agricultura.
Essa região abriga, desde tempos pré-históricos, populações indígenas que vivem basicamente de agricultura, pesca, coleta de frutos e insetos e caça. Hoje, no lado brasileiro do alto e do médio rio Negro, existem cerca de 700 povoações indígenas, com mais de 20 mil habitantes, sem incluir os residentes nas cidades da região. Em 1997, o governo federal efetivou a demarcação de cinco terras indígenas contínuas na região, somando mais de 106 mil km2. Esses fatores - a antiguidade da ocupação e sérias limitações ecológicas - levaram os povos que habitam essa região, segundo vários estudiosos, a longo processo de adaptação, durante o qual encontraram formas eficazes e sofisticadas de manejo da terra e de florestas, capoeiras, peixes e animais de caça.
Dentro dessa perspectiva, este texto enfoca aspectos do sistema de pesca de povos da região, orientado em observações permanentes dos ciclos de vida, das plantas (de igapós e da beira de rios) e dos peixes (em especial quanto à migração e à reprodução), e em referências corno o nível dos rios, o calendário astronômico e outras.
Serão apresentadas informações sobre os povos da família linguística Tukano Oriental do rio Tiquié, um dos mais povoados da área.
Aloisio Cabalzar
Instituto Socioambiental
Domingos Prado Marques (conhecedor tucano)
Flávio C. T. de lima
Museu de Zoologia, Universidade Estadual de Campinas
Guilherme Pimentel Tenório (conhecedor tuiuca)
Lucas Alves Bastos (agente indígena de manejo ambiental, tucano) associação das Tribos Indígenas do Alto Rio Tiquié (Atriart)
Roberval Pedrosa (agente indígena de manejo ambiental, tucano) Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Tiquié (Acimet)
Tarcísio Borges Barreto (conhecedor tucano)
Íntegra da matéria em pdf.
Ciência Hoje, n. 305, jul.2013, p. 28-31
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.