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Colonos denunciam que índios querem aumentar área Waimiri

03/02/2005

Autor: CARVÍLIO PIRES

Fonte: Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR



Representantes da comunidade Samaúma/Jauaperi - no baixo Rio Branco, Município de Rorainópolis - vieram a Boa Vista ontem denunciar à Polícia Federal que um grupo de índios Waimiri-Atroari, acompanhado por não índios que atuam no projeto que leva o nome da tribo, está tentando ampliar os limites da reserva. Para afastar os moradores da localidade lideranças indígenas dizem que no futuro aquelas também serão terras da reserva demarcada que já ocupam.
Conforme o presidente da Associação de Produtores Rurais da Vila Samaúma, Mário Jorge Araújo de Menezes, os índios apoiados pelo grupo de não índios já removeram placas e as fixaram cerca de quarenta quilômetros além da reserva homologada. Os moradores da região não conhecem os "brancos" que acompanham os índios. Suspeitam que sejam servidores do Projeto Waimiri-Atroari ou integrantes de alguma ONG que atua naquela terra indígena.
A imposição do limite que hora anunciado pelos índios, segundo a tesoureira da Associação de Produtores, Amélia Ferreira Peres, começa a prejudicar o trabalho dos samaumenses. Muitos vivem da pesca esportiva e, como os índios trocaram as placas ampliando os limites da reserva, os ribeirinhos sofrem uma restrição de aproximadamente cinqüenta quilômetros pelo leito do rio para evitar desentendimentos ou confrontos.
"Os índios fazem ameaças dizendo que na região existe uma tribo isolada que não fala a língua deles e pode atacar guias e turistas da pesca esportiva. Ao mesmo tempo alegam que a tribo isolada é formada por parentes deles. Nós suspeitamos que eles estejam construindo malocas nas proximidades para mais tarde quererem justificar a ampliação da reserva", disse Amélia Peres.
Mário Jorge informou que os índios teriam dado prazo até o dia 5 de março deste ano para que os aproximadamente 700 moradores da região ao longo do Rio Jauaperi e afluentes como o Macucuau saiam dali, por causa da reserva que será ampliada.
"Eles dizem que índio não mente, mata. Quer dizer, no dia 5 de março eles irão ao Macucuau expulsar a gente. Nós relatamos estes fatos ao delegado e ele disse que agentes da Polícia Federal irão lá investigar a atuação dos índios".
A iniciativa da diretoria da Associação dos Produtores de tornar público o caso tem o objetivo de levar ao conhecimento de todas as autoridades do Estado e do Governo Federal a nova manobra de índios e aliados para ampliar mais uma reserva indígena. "Aquela área foi demarcada e homologada. O nosso local de trabalho fica mais de 40 quilômetros da reserva e vivemos da temporada de turistas da pesca esportiva. Será que querem impedir que a gente ganhe nosso sustento lá onde estamos sem aperrear ninguém?", questionou o presidente.
Os moradores entendem que o próprio governador Ottomar Pinto deveria ir à região conhecer o drama dos ribeirinhos em decorrência da ameaça e até para evitar que o Estado perca mais uma parte do seu território. "Nós vivemos lá sem assistência de ninguém. Não perambulamos em gabinetes em busca de ajuda, mas queremos liberdade para trabalhar na agricultura e com o turismo que ocorre em nossa região", declarou Mário Jorge.
 

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