De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Índios não esqueceram tradições
01/10/2000
Fonte: Correio da Paraíba (João Pessoa - PB)
Documentos anexos
Segundo o Aurélio, "índio é o homem que habitava as terras americanas à chegada dos descendentes europeus; é o autóctone da América". Já a Lei 6.001, de 19 de dezembro de 1973, conhecida como Estatuto do Índio, em seu Art. 3 o, define: "índio ou silvícola é todo indivíduo de origem e ascendência pré-colombiana que se identifica ou é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas características cultuais o distinguem da sociedade nacional".
Como surgiu, então, a expressão junto aos europeus? Como lembra o antropólogo Julio Cezar Melatti, autor de "Índios do Brasil", a denominação nasceu quando os europeus chegaram à América pensando estar pisando em terras das Índias. "E, mesmo depois que suas explorações os levaram a perceber seu engano, demonstrando que a América constituía um continente à parte, distinto da Ásia, os habitantes do Novo Mundo continuaram a ser chamados de índios". O estudioso lembra, ainda, "que, com este termo, índios, os conquistadores rotulavam as populações mais diversas: desde o norte até o sul do continente".
DOIS GRANDES GRUPOS
Na época do Descobrimento, os portugueses adotaram a palavra para definir os habitantes da "Vera Cruz", mas não manifestaram nenhum interesse em procurar saber quantos índios existiam no Brasil e a quais grupos eles pertenciam. Somente em 1900, ou seja, 400 anos depois, é que constatou-se que havia um total de 230 grupos tribais espalhados pelo território brasileiro. Estudos mais recentes, realizados após 1950, fizeram estimativas mais precisas e descobriram: na chegada dos portugueses, cerca de 2 milhões de indígenas se dividiam em dois grandes grupos - o tupi e o arawak - e se espalhavam por todas as regiões do imenso território brasileiro. Hoje existem pouco mais de 200 mil e, na maioria das tribos, foram detectados traços marcantes de elementos da cultura branca, inclusive o culto à fé cristã.
No caso do grupo potiguara de Rio Tinto foram preservadas algumas tradições dos antepassados. São 1.266 indígenas, que formam 284 famílias e habitam a Vila Mont-Mar e adjacências. E, segundo o cacique Adailton Cordeiro Campos, de 44 anos, a Lua continua a exercer um enorme fascínio, com suas fases influenciando o dia-a-dia da tribo. Ele cita o caso da agricultura. "Para plantar as culturas de mandioca, batata, milho, caju e goiaba, levamos em conta a Lua. Sabem os que a Nova traz produtos grandes; enquanto na Cheia a fruta vem pequena".
CULTURA VIVA
A participação no Toré também é significativa. Dos índios e mestiços que habitam a região, um total de 66 deles faz com que permaneça viva a celebração aos deuses Indígenas. Vestidos à caráter, enfeitados com penas, colares e pulseiras feitas de sementes, cascas de árvores e conchas, os potigauras de Rio Tinto dançam e cantam . Comum indIsfarçável brilho nos olhos, mantendo a tradição, Antônio Martiniano da Silva, de 70 anos, canta os versos do Toré que dizem a ssim: "salve os cablocos índios. Mont-Mor é n ossa terra".
No mesmo momento, com igual entusiasmo, ele chama a equipe do IPHAEP, para que conheça a imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, e pede para que o autor do "Hino da Santa", o branco Cizenando Ribeiro dos Santos, cante. Voz embargada, Cizenando começa a cantar: "N. S. dos Prazeres, protege nossa Capela, vós que sois nossa Protetora". Depois, ele conta: tem 65 anos e veio para a terra dos índios há mais de 40 anos, para trabalhar com a família Lundgren, mas se apaixonou pela vida junto aos potiguaras. Agora é animador de canto, quando os índios reverenciam a fé cristã.
Quanto ao Tupi-Guarani, os índios mais jovens desconhecem palavras como: ita (pedra), erê (espanto, surpresa) ou até mesmo rudá (deus do amor). A língua nativa dos potiguaras de Rio Tinto se perdeu na poeira do tempo.
Como surgiu, então, a expressão junto aos europeus? Como lembra o antropólogo Julio Cezar Melatti, autor de "Índios do Brasil", a denominação nasceu quando os europeus chegaram à América pensando estar pisando em terras das Índias. "E, mesmo depois que suas explorações os levaram a perceber seu engano, demonstrando que a América constituía um continente à parte, distinto da Ásia, os habitantes do Novo Mundo continuaram a ser chamados de índios". O estudioso lembra, ainda, "que, com este termo, índios, os conquistadores rotulavam as populações mais diversas: desde o norte até o sul do continente".
DOIS GRANDES GRUPOS
Na época do Descobrimento, os portugueses adotaram a palavra para definir os habitantes da "Vera Cruz", mas não manifestaram nenhum interesse em procurar saber quantos índios existiam no Brasil e a quais grupos eles pertenciam. Somente em 1900, ou seja, 400 anos depois, é que constatou-se que havia um total de 230 grupos tribais espalhados pelo território brasileiro. Estudos mais recentes, realizados após 1950, fizeram estimativas mais precisas e descobriram: na chegada dos portugueses, cerca de 2 milhões de indígenas se dividiam em dois grandes grupos - o tupi e o arawak - e se espalhavam por todas as regiões do imenso território brasileiro. Hoje existem pouco mais de 200 mil e, na maioria das tribos, foram detectados traços marcantes de elementos da cultura branca, inclusive o culto à fé cristã.
No caso do grupo potiguara de Rio Tinto foram preservadas algumas tradições dos antepassados. São 1.266 indígenas, que formam 284 famílias e habitam a Vila Mont-Mar e adjacências. E, segundo o cacique Adailton Cordeiro Campos, de 44 anos, a Lua continua a exercer um enorme fascínio, com suas fases influenciando o dia-a-dia da tribo. Ele cita o caso da agricultura. "Para plantar as culturas de mandioca, batata, milho, caju e goiaba, levamos em conta a Lua. Sabem os que a Nova traz produtos grandes; enquanto na Cheia a fruta vem pequena".
CULTURA VIVA
A participação no Toré também é significativa. Dos índios e mestiços que habitam a região, um total de 66 deles faz com que permaneça viva a celebração aos deuses Indígenas. Vestidos à caráter, enfeitados com penas, colares e pulseiras feitas de sementes, cascas de árvores e conchas, os potigauras de Rio Tinto dançam e cantam . Comum indIsfarçável brilho nos olhos, mantendo a tradição, Antônio Martiniano da Silva, de 70 anos, canta os versos do Toré que dizem a ssim: "salve os cablocos índios. Mont-Mor é n ossa terra".
No mesmo momento, com igual entusiasmo, ele chama a equipe do IPHAEP, para que conheça a imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, e pede para que o autor do "Hino da Santa", o branco Cizenando Ribeiro dos Santos, cante. Voz embargada, Cizenando começa a cantar: "N. S. dos Prazeres, protege nossa Capela, vós que sois nossa Protetora". Depois, ele conta: tem 65 anos e veio para a terra dos índios há mais de 40 anos, para trabalhar com a família Lundgren, mas se apaixonou pela vida junto aos potiguaras. Agora é animador de canto, quando os índios reverenciam a fé cristã.
Quanto ao Tupi-Guarani, os índios mais jovens desconhecem palavras como: ita (pedra), erê (espanto, surpresa) ou até mesmo rudá (deus do amor). A língua nativa dos potiguaras de Rio Tinto se perdeu na poeira do tempo.
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