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Bororos prometem manter ocupação do escritório da Funai em Rondonópolis

31/03/2005

Fonte: Ultima Hora-Cuiabá-MT



"O nosso movimento não é para fechar, mas sim para abrir a Funai e garantir que ela atenda os índios da região". Assim o ex-cacique da aldeia Tadarimana, Eduardo Kogi, 55 anos, explicou a ocupação da sede do escritório regional da Funai em Rondonópolis. Eles estão no local desde a última quarta-feira em protesto contra a vacância do cargo de administrador regional da Funai e dizem que continuarão lá até que a situação seja resolvida. Marcos Rufino, que ocupava o cargo há um ano e oito meses, foi demitido no dia 28 de fevereiro deste ano e, conforme os índios, desde então as atividades do escritório estão paralisadas.

"Tínhamos dado um prazo de 30 dias para que a Funai resolvesse o problema. Mas isso não aconteceu, os fornecedores suspenderam o atendimento às aldeias e tivemos que fazer a ocupação. As aldeias precisam de alguém aqui para dar o apoio", argumenta Kogi.

Eduardo Kogi, que foi cacique da aldeia Tadarimana durante 17 anos, esteve na redação do Primeira Hora nesta quarta-feira acompanhado de Avelino Macau, 60, outra importante liderança dos Bororo na região sul. Eles defendem a recondução de Marcos Rufino ao cargo e dizem que a demissão foi arbitrária.

"O Marcos estava fazendo um bom trabalho e ninguém foi consultado sobre sua demissão. Aliás quero fazer uma alerta: se tentarem colocar alguém sem antes discutir conosco, essa pessoa vai entrar pela escada e descer pela janela do escritório. Não vamos aceitar isso", ameaça Avelino Macau.

Ao mesmo tempo em que mantém a ocupação do escritório regional, as lideranças indígenas têm buscado o apoio da sociedade local. Ontem eles estiveram na Câmara Municipal e obtiveram o compromisso de que os vereadores vão participar das negociações. Uma comissão, formada por parlamentares e índios, deve visitar hoje o Ministério Público para denunciar a situação e pedir agilidade na solução do impasse.

A última vez que o escritório regional da Funai em Rondonópolis é ocupado pelos índios foi em maio de 2003. Na época eles exigiam a exoneração então administrador da unidade, José Pereira de Miranda Filho, o que acabou acontecendo 40 dias após o início da ocupação.

O escritório da Funai em Rondonópolis é responsável por dar cobertura a cerca de 1.600 índios Bororo das aldeias Tadarimana, Piebaga, Jurigue, Gomes Carneiro, Praião, Pobore, Garça, Meruri e Sangradouro.
 

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