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Ano do Brasil na França Paris se rende ao Tocantins

07/08/2005

Autor: Marcelo Silva

Fonte: Jornal do Tocatins-Palmas-TO



Os índios Karajá e os cantores Dorivã e Genésio Tocantins atraíram cerca de mil pessoas ao Carreau du Temple, na última sexta

Tem índios cantores na cidade. A notícia se espalhou pelas ruas de Paris, e foi o suficiente para lotar o Carreau du Temple, na última sexa-feira, segundo dia do show Cantos do Tocantins. A primeira apresentação na quinta-feira, chamou a atenção dos franceses, e funcionou como divulgação. Em pouco mais de duas horas, passaram pelo palco, as meninas da sússia, os catireiros, a percussão de Márcio Bello e seus convidados, e os índios Karajá. Encerrando de forma envolvente, Dorivã e Genésio Tocantins, todos aplaudidos por cerca de mil pessoas, o maior público do evento até então.

Os índios Karajá encantaram os franceses, que não se limitavam a olhar e dançar e sacavam suas câmeras para fotografar. Liderados pelo Cacique Coxini, os índios entoaram cânticos sagrados e impressionaram os europeus pela originalidade. Segundo a coordenadora do grupo, Joana Euda Munduruku, os índios se surpreenderam com o grande público. "Viemos esperando um público menor e levamos um susto com tanta gente", disse ainda durante a apresentação. Joana destacou o interesse dos franceses pela autenticidade indígena. "São índios legítimos que preservam a sua cultura. Isso aqui tem muito valor", comentou. Antes do show, eles se encarregaram da divulgação percorrendo ruas e repartições de Paris. O convite era irrecusável.

O público que iniciou o show apenas observando, aos poucos foi se soltando, ao ponto de, no final, formar uma grande roda, a pedido de Genésio Tocantins e Dorivã, que colocaram todos para dançar. Nos dois shows, a interação com o público foi o diferencial. A barreira da língua foi ignorada pelos tocantinenses, que com muita sonoridade e expressão corporal se comunicaram com o público o tempo todo. Famílias inteiras pareciam se incorporar ao show. Genésio se deu ao luxo de ensinar o público a dançar xote, com o tradicional passo dois-pra-lá-dois-pra-cá. Os franceses adoraram.

A estudante de música Hoai Anh, francesa de origem vietnamita, contou que ficou impressionada com a energia do show. "Senti vontade de ir para o Brasil agora". Fascinada por ritmos brasileiros, ela disse que o Tocantins tem uma sonoridade própria muito contagiante. "Tenho acompanhado tudo sobre o Brasil, e quero visitar o Tocantins".

Emoção
Depois de emocionar o público com seus ritmos e até com cantigas de roda, Genésio não resistiu e deixou o palco chorando. "O Tocantins não apresentou só uma diversidade, foi uma verdadeira biodiversidade. Quando se mistura índios com sertanejos e músicos, só podia dar nisso. Emoção. Durante o show, Genésio ignorou a produção que queria encerrar o show. Extrapolou o tempo para valorizar os componentes da banda e os demais artistas tocantinenses. O público queria mais, e Genésio desafiou: "Se desligarem o som, eu continuo cantando só com o acústico". O público foi ao delírio e o show continuou.
 

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