De Povos Indígenas no Brasil

Notícias

Preservação da língua: primeiro dicionário kaiowá-português será lançado online

04/12/2024

Autor: Gabriela Couto

Fonte: Campo Grande News - campograndenews.com.br



Livro foi construído por mais de 2 décadas pela doutora Graciela Chamorro, que tem guarani como língua materna

Entre os dias 7 e 20 de dezembro de 2024, a Editora Javali realizará uma série de eventos para celebrar o lançamento da segunda edição impressa do primeiro Dicionário Kaiowá-Português (760 páginas).

Organizado pela professora doutora, Graciela Chamorro, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), o projeto é um marco na preservação da língua e cultura kaiowá, oferecendo um inventário de mais de 6 mil verbetes, além de notas culturais e linguísticas que refletem a visão de mundo do povo kaiowá. Em 2022, o Lado B contou a história do livro e de Chamorro com a língua (veja aqui).

O evento de lançamento acontecerá em duas etapas: o primeiro será presencial, no dia 7 de dezembro, às 19h (horário local), no Casulo Espaço de Cultura e Arte, em Dourados (MS), e o segundo será uma transmissão virtual no canal da Javali no YouTube, no dia 20 de dezembro, às 18h (horário de Brasília).

No dia 9 de dezembro, às 14h (horário local), a professora Chamorro ministrará uma palestra pública na Faculdade Intercultural Indígena (FAIND), no Campus UFGD, em Dourados.

A obra é o resultado de mais de 20 anos de pesquisa de Graciela Chamorro, que começou a se envolver com as comunidades kaiowá e guarani em 1983. Natural do Paraguai, onde sua língua materna é o guarani, Chamorro dedica-se ao estudo e à divulgação das línguas indígenas, com ênfase na língua kaiowá.

Em 2017, após uma colaboração com Assis Benevenuto, fundador da Editora Javali, a ideia de transformar a pesquisa em um livro tomou forma. Em 2022, a primeira versão digital foi lançada e disponibilizada gratuitamente, com apoio do programa Rumos Itaú Cultural.

A versão impressa foi publicada pela primeira vez em 2023, e agora, em 2024, chega ao público uma edição ampliada, com capa dura, financiada pelo Fundo de Investimentos Culturais (FIC), da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

Graciela Chamorro afirma que o dicionário atende à demanda crescente da sociedade kaiowá, especialmente de educadores e estudantes que usam e ensinam a língua. A obra se apresenta como uma ferramenta para a reflexão sobre a língua, ajudando na produção de material didático e preservando o conhecimento ancestral dos kaiowá.

Para a autora, "toda escrita é uma tentativa de representação da língua", e a publicação do dicionário é um passo importante para a consolidação da escrita do kaiowá, que ainda carece de uma grafia convencionalizada.

O projeto contou com a colaboração de diversos especialistas, incluindo professores universitários e mais de 25 colaboradores indígenas, que forneceram conhecimentos essenciais para a construção da obra. Entre as inovações da segunda edição, estão a inclusão de novos verbetes, empréstimos linguísticos e acepções ampliadas.

A obra também incorpora metáforas que relacionam o corpo humano à casa e ao meio ambiente, além da inclusão de nomes científicos para seres vivos, o que enriquece ainda mais o conteúdo.

Além disso, o dicionário traz uma importante novidade: a inclusão do vocabulário português-kaiowá, uma colaboração com o linguista Jorge Domingues Lopes, que permitirá aos não falantes do kaiowá buscar as traduções das palavras no idioma.

O dicionário é enriquecida por ilustrações do desenhista kaiowá Misael Concianza Jorge e minibiografias dos colaboradores kaiowá, além de textos acadêmicos que aprofundam o estudo da língua.

https://www.campograndenews.com.br/lado-b/artes-23-08-2011-08/preservacao-da-lingua-primeiro-dicionario-kaiowa-portugues-sera-lancado-online
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.