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Cinta-Larga recebem relator para o direito humano ao meio ambiente

18/11/2003

Autor: JOHN, Liana

Fonte: Agência Estado, Ciência e Meio Ambiente



Cinta-Larga recebem relator para o direito humano ao meio ambiente
Índios querem controlar e legalizar garimpo de diamante, excluindo garimpeiros brancos. Relator vai propor grupo de trabalho interministerial.

Devido ao recente agravamento da tensão entre índios e garimpeiros de diamante, na Terra Indígena Roosevelt, em Rondônia, habitada pelos Cinta Larga, o relator nacional para o direito humano ao meio ambiente, Jean-Pierre Leroy, realizou uma missão de investigação às principais aldeias, nos últimos dias 16 e 17 (domingo e segunda feira). A relatoria é ligada à Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Organização das Nações Unidas (ONU). Da comitiva participaram a antropóloga Maria Inês Heargreaves e representantes da Procuradoria de Minorias e da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Em entrevista à Agência Estado, por telefone, o relator disse ter encontrado os índios relativamente tranqüilos, enquanto os garimpeiros estão agitados, nitidamente influenciados pelo posicionamento público do governador Ivo Cassol, em favor da invasão da área indígena. Cerca de 5 mil garimpeiros, que exploravam ilegalmente as terras dos cintas-larga foram retirados, há alguns meses, e agora cerca de 60 índios continuam garimpando, com apenas 2 brancos, responsáveis pelo conserto das bombas de sucção do cascalho. Os índios monitoram a área constantemente, mas acredita-se que ainda existam cerca de 50 a 60 garimpeiros dentro da área, de mais de um milhão de hectares. Os índios temem o cumprimento de ameaças de morte feitas a lideranças e aos adolescentes e jovens indígenas, que estudam fora de Roosvelt, onde só há escola até a 4a série.

Os impactos ambientais já são menores e os rios dão sinais de recuperação, com a diminuição do garimpo, mas ainda é uma atividade ilegal e a intenção dos índios é conseguir uma autorização de lavra para regularizá-la", contou Leroy. Ele deve fazer um primeiro relatório, emergencial, a ser entregue ao Ministério da Justiça, dentro de 8 dias. E, em 3 meses, terá um documento mais substancial, propondo soluções para o conflito. Sua intenção é propor a criação de um grupo de trabalho interministerial, com a participação dos ministérios da Justiça, Minas e Energia e Meio Ambiente.
Liana John

Agência Estado, 18/11/2003
 

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