De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Índios ameaçam entrar em confronto na Raposa Serra do Sol
01/04/2008
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo Online
Pelo menos 60 índios contrários à permanência dos produtores de arroz na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, ameaçam entrar em confronto com os moradores de uma vila dentro da reserva e até com outros índios, que trabalham nas plantações e são contrários à retirada dos rizicultores.
Quinze mil índios vivem na reserva, que foi homologada em 2005. Mas os produtores de arroz, que ocupam as terras há mais de 30 anos, se recusam a sair. Eles entraram com ações na Justiça e não aceitaram a proposta do Incra de se mudarem para outras áreas. Agora a Polícia Federal recebeu ordens de retirar todos os que não forem índios da reserva.
"A nossa presença aqui é para garantir a paz e não incitar ou tentar tumultuar o processo" afirma o delegado da PF Fernando Romeiro.
Na segunda-feira, o presidente da Associação dos Rizicultores, Paulo Cesar Quartieiro, foi preso por agentes federais. Prefeito de Pacaraima (RR), Quartiero é o maior plantador de arroz na região e se recusa a deixar a área. Ele foi preso em flagrante por agentes da PF ao atear fogo numa ponte que dá acesso ao interior da reserva, próximo da terra indígena Surumu.
Quartiero foi detido acusado de dano ao patrimônio público e também por desacato à autoridade policial. Dezenas de agentes da Polícia Federal estão em Roraima e entraram em confronto com índios.
"A nossa presença aqui é para garantir a paz e não incitar ou tentar tumultuar o processo"
A operação para retirada dos arrozeiros estava prevista para ocorrer semana que vem, mas com a reação de Quartiero, que tem sob seu comando também um grupo de índios contrários à demarcação da reserva a ação federal pôde ser antecipada. Ele era o principal alvo da operação.
Moradores das vilas próximas e índios contrários à retirada dos arrozeiros impediram a entrada dos policiais com paus, pedras e flechas. Também invadiram a escola da vila, onde seria instalada a base de trabalho da PF. O filho de Quartiero, Renato Quartiero, foi ferido pela explosão de uma bomba caseira, confeccionada pelos próprios manifestantes. Segundo José Negreiros, assessor de imprensa da PF em Roraima, Quartiero foi indiciado por desacato a autoridade, desobediência, incitação à desordem e bloqueio de via federal - crimes afiançáveis, o que permitiria a sua liberação, após o interrogatório. O advogado dele, Valdemar Albrecht, negou as acusações e disse ser ilegal a operação da PF, batizada de Upatakon.
- Não há ordem judicial, e ações contra a homologação estão tramitando no Supremo Tribunal
Federal - disse.
Quartiero havia sido afastado do cargo de prefeito pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, que, além da cassação, o considerou inelegível por três anos e o condenou ao pagamento de multa no valor de 30 mil Ufir (cerca de R$ 32 mil). Mas o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reformou a decisão, na noite de 25 de março, por unanimidade.
Quartiero foi acusado pela chapa adversária e pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), de abuso do poder econômico e compra de votos na campanha eleitoral de 2004. Teria, inclusive, realizado convênio para plantações de arroz em terras indígenas, em março daquele ano, antes, portanto, da campanha, mas já com o sentido de se beneficiar nas eleições para as quais desejava se candidatar.
Senador protesta contra operação da PF em Raposa Serra do Sol
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse na segunda-feira que a PF está realizando uma "operação truculenta" para a retirada de cidadãos brasileiros da reserva indígena Raposa Serra do Sol, no norte de Roraima, próximo às fronteiras com a Venezuela e Roraima. Ele apelou ao ministro da Justiça, Tarso Genro, para que seja respeitada a "dignidade humana" de cerca de 300 famílias de não-índios moradoras da reserva.
De acordo com o parlamentar petebista, é falso afirmar que essas pessoas são grandes plantadores de arroz e comerciantes. Mozarildo disse que se tratam, em sua maioria, de pessoas pobres que residem há muito tempo na área, homologada pelo governo em abril de 2005.
Quando da demarcação, havia ali 458 famílias, das quais 160 foram indenizadas (em valores considerados muito baixos) para saírem das terras que ocupavam e receberam a promessa de serem reassentadas. Entretanto, só 90 famílias teriam recebido novas terras.
"Contestamos essa demarcação desde o início, porque lá tem mais minério do que índios"
- Contestamos essa demarcação desde o início, porque lá tem mais minério do que índios. Queríamos uma solução pacífica, mas o presidente Lula não honrou as sugestões apresentadas por comissões do Senado e da Câmara dos Deputados - queixou-se.
Segundo o senador, agora o governo está pagando caro por malsucedidas operações de retirada. As duas anteriores teriam custado R$ 1 milhão e R$ 1,2 milhão, respectivamente. A estimativa para a atual já estaria em R$ 4 milhões.
- Enquanto isso, faltam recursos para o combate à dengue e à febre amarela - cobrou, anunciando sua disposição em acompannhar a operação da PF como membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Quinze mil índios vivem na reserva, que foi homologada em 2005. Mas os produtores de arroz, que ocupam as terras há mais de 30 anos, se recusam a sair. Eles entraram com ações na Justiça e não aceitaram a proposta do Incra de se mudarem para outras áreas. Agora a Polícia Federal recebeu ordens de retirar todos os que não forem índios da reserva.
"A nossa presença aqui é para garantir a paz e não incitar ou tentar tumultuar o processo" afirma o delegado da PF Fernando Romeiro.
Na segunda-feira, o presidente da Associação dos Rizicultores, Paulo Cesar Quartieiro, foi preso por agentes federais. Prefeito de Pacaraima (RR), Quartiero é o maior plantador de arroz na região e se recusa a deixar a área. Ele foi preso em flagrante por agentes da PF ao atear fogo numa ponte que dá acesso ao interior da reserva, próximo da terra indígena Surumu.
Quartiero foi detido acusado de dano ao patrimônio público e também por desacato à autoridade policial. Dezenas de agentes da Polícia Federal estão em Roraima e entraram em confronto com índios.
"A nossa presença aqui é para garantir a paz e não incitar ou tentar tumultuar o processo"
A operação para retirada dos arrozeiros estava prevista para ocorrer semana que vem, mas com a reação de Quartiero, que tem sob seu comando também um grupo de índios contrários à demarcação da reserva a ação federal pôde ser antecipada. Ele era o principal alvo da operação.
Moradores das vilas próximas e índios contrários à retirada dos arrozeiros impediram a entrada dos policiais com paus, pedras e flechas. Também invadiram a escola da vila, onde seria instalada a base de trabalho da PF. O filho de Quartiero, Renato Quartiero, foi ferido pela explosão de uma bomba caseira, confeccionada pelos próprios manifestantes. Segundo José Negreiros, assessor de imprensa da PF em Roraima, Quartiero foi indiciado por desacato a autoridade, desobediência, incitação à desordem e bloqueio de via federal - crimes afiançáveis, o que permitiria a sua liberação, após o interrogatório. O advogado dele, Valdemar Albrecht, negou as acusações e disse ser ilegal a operação da PF, batizada de Upatakon.
- Não há ordem judicial, e ações contra a homologação estão tramitando no Supremo Tribunal
Federal - disse.
Quartiero havia sido afastado do cargo de prefeito pelo Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, que, além da cassação, o considerou inelegível por três anos e o condenou ao pagamento de multa no valor de 30 mil Ufir (cerca de R$ 32 mil). Mas o plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reformou a decisão, na noite de 25 de março, por unanimidade.
Quartiero foi acusado pela chapa adversária e pelo Ministério Público Eleitoral (MPE), de abuso do poder econômico e compra de votos na campanha eleitoral de 2004. Teria, inclusive, realizado convênio para plantações de arroz em terras indígenas, em março daquele ano, antes, portanto, da campanha, mas já com o sentido de se beneficiar nas eleições para as quais desejava se candidatar.
Senador protesta contra operação da PF em Raposa Serra do Sol
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse na segunda-feira que a PF está realizando uma "operação truculenta" para a retirada de cidadãos brasileiros da reserva indígena Raposa Serra do Sol, no norte de Roraima, próximo às fronteiras com a Venezuela e Roraima. Ele apelou ao ministro da Justiça, Tarso Genro, para que seja respeitada a "dignidade humana" de cerca de 300 famílias de não-índios moradoras da reserva.
De acordo com o parlamentar petebista, é falso afirmar que essas pessoas são grandes plantadores de arroz e comerciantes. Mozarildo disse que se tratam, em sua maioria, de pessoas pobres que residem há muito tempo na área, homologada pelo governo em abril de 2005.
Quando da demarcação, havia ali 458 famílias, das quais 160 foram indenizadas (em valores considerados muito baixos) para saírem das terras que ocupavam e receberam a promessa de serem reassentadas. Entretanto, só 90 famílias teriam recebido novas terras.
"Contestamos essa demarcação desde o início, porque lá tem mais minério do que índios"
- Contestamos essa demarcação desde o início, porque lá tem mais minério do que índios. Queríamos uma solução pacífica, mas o presidente Lula não honrou as sugestões apresentadas por comissões do Senado e da Câmara dos Deputados - queixou-se.
Segundo o senador, agora o governo está pagando caro por malsucedidas operações de retirada. As duas anteriores teriam custado R$ 1 milhão e R$ 1,2 milhão, respectivamente. A estimativa para a atual já estaria em R$ 4 milhões.
- Enquanto isso, faltam recursos para o combate à dengue e à febre amarela - cobrou, anunciando sua disposição em acompannhar a operação da PF como membro da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
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