De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Moradores de terra indígena se dizem injustiçados e prontos para eventual confronto
03/04/2008
Autor: Marco Antônio Soalheiro
Fonte: Agência Brasil
"Pátria ou morte.Venceremos!" A frase estampada em uma faixa estendida na ponte do Rio Surumu, no distrito de mesmo nome pertencente ao município de Pacaraima, resume o que centenas de moradores da Terra Indígena Raposa Serra do Sol que permanecem entrincheirados estão dispostos a fazer: resistir à possível retirada dos não-índios da área.
Cinco grandes máquinas agrícolas e dezenas de pneus reforçam a barreira montada, que tem as bandeiras brasileira e venezuelana estendidas (a fronteira está a poucos quilômetros dali). No grupo estão funcionários de arrozeiros, índios (das comunidades Prakuár, Taxi, Flechal e Contão) contrários à desintrusão, vereadores e lideranças locais.
A dificuldade para se chegar até lá pelo caminho terrestre convencional mostra que não será simples retirar os ocupantes do local. Antes da base montada pelos moradores, é preciso atravessar dois igarapés (um com água e outro seco) que tiveram as pontes destruídas, ação não assumida pelos manifestantes. A travessia é missão que só pode ser cumprida a pé, de moto ou com veículo tracionado, pois há muitas pedras. Da BR 174 até a base são 26 quilômetros de estrada empoeirada, com muitos buracos e pregos espalhados em alguns locais.
Quem consegue ir até o Surumu é recebido com natural desconfiança. "Policial federal não é bem-vindo aqui hoje, não foi antes e nem será amanhã", avisa um dos vigilantes. Após detalhada apresentação, permitem a entrada e são atenciosos. Oferecem água e almoço, feito com alimentos doados, conforme dizem, por simpatizantes da ação. E aos poucos se sentem à vontade para criticar a Operação Upatakon 3 - o que chamam de "injustiça" do governo federal.
"A nossa população fica completamente desassistida, sem assistência do governo. Aqui é o povo pelo povo, enquanto o governo federal gasta milhões do nosso bolso para agredir o estado de Roraima", afirma Téia Mota, descendente de macuxi, uma espécie de porta-voz do grupo. Segundo ela, a base de resistência é uma ação espontânea de moradores que não aceitam deixar a terra. Eles contam com apoio do líder arrozeiro Paulo César Quartiero, mas dizem que não foram obrigados.
Téia acrescenta que as únicas pessoas "proibidas" de passar por ali são, além dos agentes da PF, servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai).
"A Funai olha por um lado só, o da população ligada ao CIR [Conselho Indígena de Roraima]. Daqui a pouco vão pedir passaporte para passarmos numa rua aqui no distrito de Surumu", disse a porta-voz em referência à suposta influência de organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras sobre os índios que defendem a expulsão dos não-índios. Ela nega que o grupo dificulte a passagem de doentes ou que tenha atacado com bombas os índios que cobram a retirada.
Para o índio José Romão de Pinho, vereador de Pacaraima, a PF deve respeitar a população. "Quem é nativo daqui não pode sair para outro lugar. Existe terra para todo mundo".
O fazendeiro João Oliveira da Silva, conhecido como João do Boi, nasceu na região é casado com índia, e tem propriedade em Raposa Serra do Sol há treze anos. Ele diz que pretende resistir. O fazendeiro sabe que se aceitasse colocar sua propriedade para uso comum poderia ficar de forma legal, mas define essa possibilidade como "proposta indecente" do governo.
"Hoje somos tratados como bandidos e não como trabalhadores. Nossa arma é o nosso suor", reclamou. "Querem fazer daqui um zoológico humano. Pessoas que nem brasileiras são querem ter prioridade. O que mais se vê aqui é padre e gringos que nem sabem falar português", acrescentou.
Com as armas em punho, os "soldados" prometem impedir a concretização da Operação Upatakon 3 e dizem que estão preparados para um eventual confronto.
Cinco grandes máquinas agrícolas e dezenas de pneus reforçam a barreira montada, que tem as bandeiras brasileira e venezuelana estendidas (a fronteira está a poucos quilômetros dali). No grupo estão funcionários de arrozeiros, índios (das comunidades Prakuár, Taxi, Flechal e Contão) contrários à desintrusão, vereadores e lideranças locais.
A dificuldade para se chegar até lá pelo caminho terrestre convencional mostra que não será simples retirar os ocupantes do local. Antes da base montada pelos moradores, é preciso atravessar dois igarapés (um com água e outro seco) que tiveram as pontes destruídas, ação não assumida pelos manifestantes. A travessia é missão que só pode ser cumprida a pé, de moto ou com veículo tracionado, pois há muitas pedras. Da BR 174 até a base são 26 quilômetros de estrada empoeirada, com muitos buracos e pregos espalhados em alguns locais.
Quem consegue ir até o Surumu é recebido com natural desconfiança. "Policial federal não é bem-vindo aqui hoje, não foi antes e nem será amanhã", avisa um dos vigilantes. Após detalhada apresentação, permitem a entrada e são atenciosos. Oferecem água e almoço, feito com alimentos doados, conforme dizem, por simpatizantes da ação. E aos poucos se sentem à vontade para criticar a Operação Upatakon 3 - o que chamam de "injustiça" do governo federal.
"A nossa população fica completamente desassistida, sem assistência do governo. Aqui é o povo pelo povo, enquanto o governo federal gasta milhões do nosso bolso para agredir o estado de Roraima", afirma Téia Mota, descendente de macuxi, uma espécie de porta-voz do grupo. Segundo ela, a base de resistência é uma ação espontânea de moradores que não aceitam deixar a terra. Eles contam com apoio do líder arrozeiro Paulo César Quartiero, mas dizem que não foram obrigados.
Téia acrescenta que as únicas pessoas "proibidas" de passar por ali são, além dos agentes da PF, servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai).
"A Funai olha por um lado só, o da população ligada ao CIR [Conselho Indígena de Roraima]. Daqui a pouco vão pedir passaporte para passarmos numa rua aqui no distrito de Surumu", disse a porta-voz em referência à suposta influência de organizações não-governamentais (ONGs) estrangeiras sobre os índios que defendem a expulsão dos não-índios. Ela nega que o grupo dificulte a passagem de doentes ou que tenha atacado com bombas os índios que cobram a retirada.
Para o índio José Romão de Pinho, vereador de Pacaraima, a PF deve respeitar a população. "Quem é nativo daqui não pode sair para outro lugar. Existe terra para todo mundo".
O fazendeiro João Oliveira da Silva, conhecido como João do Boi, nasceu na região é casado com índia, e tem propriedade em Raposa Serra do Sol há treze anos. Ele diz que pretende resistir. O fazendeiro sabe que se aceitasse colocar sua propriedade para uso comum poderia ficar de forma legal, mas define essa possibilidade como "proposta indecente" do governo.
"Hoje somos tratados como bandidos e não como trabalhadores. Nossa arma é o nosso suor", reclamou. "Querem fazer daqui um zoológico humano. Pessoas que nem brasileiras são querem ter prioridade. O que mais se vê aqui é padre e gringos que nem sabem falar português", acrescentou.
Com as armas em punho, os "soldados" prometem impedir a concretização da Operação Upatakon 3 e dizem que estão preparados para um eventual confronto.
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