De Povos Indígenas no Brasil

Notícias

OPERAÇÃO UPATAKON 3 - Policiais da Força Nacional chegam a RR

05/04/2008

Fonte: Folha de Boa Vista




Soldados da Força Nacional de Segurança (FNS) chegaram ontem a Boa Vista acompanhados de agentes da Polícia Federal (PF) que atuarão na Upatakon 3. Na quarta-feira, o secretário-geral do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, já havia anunciado em Brasília a participação de 500 homens da PF e 100 da Força Nacional na operação que visa retirar não-índios da terra indígena Raposa Serra do Sol.

Os policiais desembarcaram no Aeroporto Internacional de Boa Vista, à tarde, e seguiram direto para a Superintendência Regional na Polícia Federal. Por questões de segurança, o coordenador regional da Upatakon 3, delegado Fernando Romero, disse que não poderia informar o número exato de policiais que chegaram ao Estado e que atuarão na operação.

A Assessoria de Comunicação da PF disse que os policiais recém-chegados são integrantes do Grupo de Controle de Distúrbio Civil, equipe especializada em combate e desocupação de áreas. Segundo a assessoria, neste final de semana outros agentes estarão chegando ao Estado. "A Polícia Federal só vai começar a operação quando houver condições de fazer a retirada de forma pacífica", disse a assessoria.

Apesar do discurso pacifista, na prática, além do grupo especializado em técnicas de guerra, a Polícia Federal também recebeu armamento especializado em combate armado, escudos e armas de choque, spray de pimenta, munição de borracha, além de granadas, fuzis e outros armamentos também letais, vindos de todos os estados do país.

Todo o armamento está guardado no auditório da Superintendência da Polícia Federal em Boa Vista. Além de receber policiais e armamentos, essa semana veículos blindados chegaram à sede da Polícia Federal.

O comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Márcio Santiago de Morais, reforçou a informação de que os 120 policiais militares que possuem o curso da Força Nacional não participarão da Upatakon 3.

Manifestações continuam com ponte queimada

Normandia, localizado a 160 quilômetros de Boa Vista, que tem áreas incluídas na terra indígena Raposa Serra do Sol, foi atingido ontem pelos protestos. Manifestantes queimaram a cabeceira da ponte Conceição do Maú, que fica sobre o rio Tacutu, deixando mais de 7 mil habitantes isolados. Ninguém assumiu a autoria do crime.

Apesar de ser de concreto, havia uma parte madeira que foi destruída pelo fogo. A ponte, que é a principal porta de entrada para o município, possui 50 metros de comprimento, sendo 10 de madeira e 40 de concreto. A parte de madeira, que fica na cabeceira da ponte, foi queimada.

De acordo com o vereador do município, Eduardo Oliveira (PSDB), a população não tem como sair do local. Uma das alternativas seria pegando um desvio por uma estrada de chão pela Vila Surumu, que está totalmente isolada ou, então, por balsa. No entanto, a balsa teria sido retida pelos manifestantes esta semana.

"A população está completamente prejudicada, pessoas que tinham consultas médicas em Boa Vista ou trabalhos em outros locais não puderam ir. Também somos um dos principais exportadores de melancia na região Norte e os produtores estão desesperados", relatou o parlamentar.

Ainda conforme Oliveira, outras pontes menores foram queimadas no município, isolando ainda mais os moradores de pequenos vilarejos.

A aposentada Marina Silva, 60, afirmou que tinha uma consulta médica marcada em Boa Vista para ontem e, depois de tanto esforço para consegui-la, sairia prejudicada com o ato criminoso. "Passei 30 dias para marcar essa consulta e, agora, o que vou fazer? Não tenho como sair do município e, se eu passar mal, quem vai me socorrer?", questionou a aposentada.

Sobre a ponte queimada em Normandia, a Polícia Federal disse que foi informada sobre a situação, no entanto, ainda não teria ido ao local verificar o problema.

Polícias Rodoviária e Militar conseguem evitar bloqueio da BR-174 em Boa Vista

Em Boa Vista, os manifestantes apoiados por rizicultores tentaram bloquear a BR-174, em cima da ponte do Cauamé, na madrugada de ontem. Máquinas e carretas agrícolas, além de 100 pessoas, tentaram impedir a passagem de veículos federais na rodovia. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) foi chamada e, com o apoio da Polícia Militar, conseguiu evitar o bloqueio. Ninguém foi preso.

Sete viaturas da Polícia Federal, que seguiam para o nordeste de Roraima conseguiram passar. Mas, segundo os manifestantes, a PF não teria conseguido entrar no Surumu. Os policiais teriam entrado em um desvio na área indígena do Anaro, que fica localizada a 120 quilômetros de Boa Vista, no Município do Amajari.

A notícia teria causado tensão na Vila Surumu, onde está o centro dos conflitos na Raposa Serra do Sol, mas os manifestantes que receberam um reforço ontem dos indígenas do Contão, Táxi e Flechal disseram que estavam prontos para a guerra.

A PF negou que tivesse intenção de ir ao Surumu. Afirmou que seguiu para outro local e chegou com êxito ao destino programado. Anaro é uma terra indígena que enfrenta situação fundiária similar a da Raposa Serra do Sol.
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.