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Dez índios baleados por seguranças de arrozeiro

06/05/2008

Fonte: CB, Brasil, p. 12



Dez índios baleados por seguranças de arrozeiro
Três indígenas estão em estado grave e foram removidos para Boa Vista. Empresário alega que grupo atacou funcionários com flechas

Dez índios foram feridos a tiros ontem pela manhã na região de Surumu, zona rural do município de Pacaraima, interior de Roraima, quando construíam novas malocas na reserva Raposa Serra do Sol, próximas às áreas em disputa com os produtores de arroz. Três índios estão em estado grave e foram removidos da comunidade do Barro para a capital, Boa Vista. Os outros feridos sem risco de morte foram atendidos no local. Segundo Julio Macuxi, coordenador do Conselho Indigenista de Roraima (CIR), os disparos teriam sido feitos por seguranças da fazenda do arrozeiro Paulo Cezar Quartiero, que também é prefeito de Pacaraima.

Os casos mais graves são dos índios Xavier da Silva, Alcides de Souza e Jorge Sebastião Costa. Atingidos por balas de espingarda, revólveres e estilhaços de bombas , os três índios receberam os primeiros socorros no hospital de Pacaraima. Segundo relato de Julio Macuxi, que recebeu informações pelo telefone dos parentes que moram na região do conflito, as novas casas de madeira e palha que estavam sendo construídas eram para acomodar famílias da comunidade Renascer, que fica distante cerca de 6km da sede da fazenda de Quartiero. O arrozeiro alega que o grupo foi atacado com flechas pelos índios e apenas reagiu às agressões.

Segundo Julio Macuxi, os atiradores teriam chegado em motos e em caminhonetes ao local. Com a aproximação dos seguranças armados, os índios ameaçaram reagir com cassetetes e flechas, mas foram atingidos pelos disparos e fugiram. O conflito começou ainda pela manhã, quando os atiradores chegaram ao local onde a maloca estava sendo construída e exigiram a saída dos índios. Em seguida, voltaram e começaram a atirar sem chance de defesa do grupo. "Os fazendeiros formaram milícias fortemente armadas para nos expulsar", protesta Julio Macuxi.

A reserva Raposa Serra do Sol foi homologada em 2005 e é formada por uma área contínua de 17 mil km² na fronteira do Brasil com a Venezuela. Em março, homens da Polícia Federal e da Força Nacional chegaram ao local para começar a fazer a retirada dos não índios e de arrozeiros que ocupam áreas dentro da reserva. Com a resistência armada dos fazendeiros, começaram os confrontos. Há duas semanas, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a ação do governo atendendo a um pedido de ação cautelar impetrado pelo governo estadual.

Os índios exigem a saída de todos os não índios da reserva da Raposa, inclusive de cidades como Uiramutã e Pacaraima. Hoje, o governador do estado, José Anchieta Júnior, entra no Supremo com ação civil pedindo a revisão da demarcação em áreas contínuas para excluir fazendas e sedes de municípios que hoje estão encravados na reserva. Os 11 ministros do STF vão decidir o futuro da reserva em, no máximo, dois meses. No início da noite, quatro índios já tinham sido liberados do hospital de Boa Vista com ferimentos leves. Temendo novos conflitos, a Secretaria de Segurança enviou reforço policial para Pacaraima.

CB, 06/05/2008, Brasil, p. 12
 

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