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Justiça liberta líder dos arrozeiros de Roraima

15/05/2008

Fonte: OESP, Nacional, p. A13



Justiça liberta líder dos arrozeiros de Roraima
Quartiero, seu filho e 6 funcionários haviam sido presos sob acusação de atacar índios a tiros

Loide Gomes

O Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, em Brasília, libertou ontem o líder dos arrozeiros da reserva Raposa Serra do Sol e prefeito de Pacaraima (RR), Paulo César Quartiero, seu filho Renato Quartiero e seis funcionários da Fazenda Depósito, que estavam presos desde dia 6, acusados de ferir a tiros nove índios. Os nove eram parte de um grupo que tentava ocupar uma área na fazenda.

O colegiado do TRF acompanhou o voto da desembargadora Assuzete Magalhães, acatando o pedido de relaxamento das prisões. Também negou pedido de prisão preventiva feito pelo Ministério Público Federal contra 9 pessoas, cujos nomes não foram divulgados, pois o processo corre em segredo de justiça.

"Estamos muito felizes. Essa era uma decisão já esperada, porque meu pai é trabalhador, não é bandido", disse Larissa Quartiero, enquanto aguardava a liberação do pai na frente da carceragem da Polícia Federal em Brasília. "Estamos esperando a saída dele contentíssimos com a decisão, que afinal foi unânime. E não esperávamos coisa diferente porque a prisão foi um absurdo."

Quartiero deve permanecer pelo menos um dia em Brasília, antes de voltar para Roraima. Ele vai se reunir com seus advogados para decidir como reverter a multa de R$ 30,6 milhões aplicada na semana passada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por devastação e degradação ambiental na Fazenda Depósito.

O delegado-executivo da Polícia Federal em Roraima, Ivan Herrero, disse ontem que a corporação aceita a decisão do TRF, assim como acata todas as deliberações da Justiça, e não tem que se manifestar nem contra nem a favor. "Fizemos a nossa parte e a Justiça a dela. A Justiça determinou e nós cumprimos a lei", afirmou.

Já o coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Dionito José de Sousa, ligado aos índios que querem a expulsão dos arrozeiros da reserva, explicou que a preocupação são as ações que correm no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Raposa Serra do Sol e não a prisão ou soltura de Quartiero. "O CIR acompanha a questão no Supremo. Quanto a Quartiero, que ele responda às acusações que pesam contra ele, como possível autor dos disparos contra os indígenas."


Tarso condena atos 'terroristas'

Luciana Nunes Leal

Em audiência pública na Câmara marcada por tensão, bate-boca e tumulto, o ministro da Justiça, Tarso Genro, condenou "atitudes terroristas" de não-índios que se recusam a deixar a reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. E afirmou que forças policiais vão reprimir grupos armados.

Deputados protestaram e exigiram a retirada da expressão terrorismo. Tarso não aceitou. Disse que a maioria dos não-índios "está lá de boa-fé", mas há também "grileiros, traficantes e grupos violentos que estão lá para cometer ilegalidades".

A audiência acabou em confusão quando o presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, Jecinaldo Sateré Maué, tentou jogar um copo de água no deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que chamou Tarso de "terrorista mentiroso".

OESP, 15/05/2008, Nacional, p. A13
 

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