De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Índios querem escola
29/05/2008
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo Online - Educação à Brasileira
Volto de uma visita a três aldeias dos índios marubos, na terra indígena Vale do Javari (AM), na fronteira com o Peru. O objetivo da viagem era acompanhar uma expedição da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão do Ministério da Saúde, que tenta levar assistência médica à região.
Os índios são vítimas de malária, hepatite e altas taxas de mortalidade infantil. Parece mentira, mas não há médicos na reserva inteira - uma área de 8,5 milhões de hectares, o mesmo tamanho de Santa Catarina. A população indígena é de 3,7 mil pessoas.
A maioria dos marubos não fala português. Seu idioma, conforme me disseram (será que entendi bem?) é o pano, uma língua incompreensível para brasileiros não-índios. Só algumas palavras são copiadas do português: "médico" e "laboratório" são duas delas.
Precisei de um intérprete para fazer entrevistas. Impressionante para quem se acostumou à idéia de que o Brasil é um país continental que fala um único idioma. Mentira. Mas vai dizer isso para quem se criou na cidade...
As aldeias ficam no "meio" da floresta amazônica. O acesso se dá por ar ou rio. Na aldeia Maronal, dormi na escola, uma casa de madeira com quatro salas e frestas por todos os lados. No quadro negro, havia um texto escrito em língua indígena. Nas paredes, trabalhos escritos à mão, num português com erros grosseiros de ortografia, mostravam alguns dos assuntos tratados em aula: métodos contraceptivos, geografia, a vegetação da floresta.
Dos três professores que lecionam em Maronal, dois têm hepatite B. Todas as turmas são de ensino fundamental.
O cacique e pajé Ivinimpapa, que diz ter 70 anos, deu um entrevista coletiva à beira de um rio - com tradutor, é claro, e a lança ao alcance da mão. Ele reclamou da precariedade do ensino na aldeia:
- Lá fora, o que vale é conhecimento. Poucos aqui têm isso. Vamos ficar atrasados em relação aos brancos. As políticas públicas não chegam. Não existe educação no Vale do Javari.
O apelo da cidade é grande. O que vai ser dos índios no século 21?
(A viagem de Cruzeiro do Sul (AC) até as aldeias foi feita em helicóptero do Exército, a convite da Funasa)
Os índios são vítimas de malária, hepatite e altas taxas de mortalidade infantil. Parece mentira, mas não há médicos na reserva inteira - uma área de 8,5 milhões de hectares, o mesmo tamanho de Santa Catarina. A população indígena é de 3,7 mil pessoas.
A maioria dos marubos não fala português. Seu idioma, conforme me disseram (será que entendi bem?) é o pano, uma língua incompreensível para brasileiros não-índios. Só algumas palavras são copiadas do português: "médico" e "laboratório" são duas delas.
Precisei de um intérprete para fazer entrevistas. Impressionante para quem se acostumou à idéia de que o Brasil é um país continental que fala um único idioma. Mentira. Mas vai dizer isso para quem se criou na cidade...
As aldeias ficam no "meio" da floresta amazônica. O acesso se dá por ar ou rio. Na aldeia Maronal, dormi na escola, uma casa de madeira com quatro salas e frestas por todos os lados. No quadro negro, havia um texto escrito em língua indígena. Nas paredes, trabalhos escritos à mão, num português com erros grosseiros de ortografia, mostravam alguns dos assuntos tratados em aula: métodos contraceptivos, geografia, a vegetação da floresta.
Dos três professores que lecionam em Maronal, dois têm hepatite B. Todas as turmas são de ensino fundamental.
O cacique e pajé Ivinimpapa, que diz ter 70 anos, deu um entrevista coletiva à beira de um rio - com tradutor, é claro, e a lança ao alcance da mão. Ele reclamou da precariedade do ensino na aldeia:
- Lá fora, o que vale é conhecimento. Poucos aqui têm isso. Vamos ficar atrasados em relação aos brancos. As políticas públicas não chegam. Não existe educação no Vale do Javari.
O apelo da cidade é grande. O que vai ser dos índios no século 21?
(A viagem de Cruzeiro do Sul (AC) até as aldeias foi feita em helicóptero do Exército, a convite da Funasa)
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