De Povos Indígenas no Brasil
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Para líderes indígenas, nova secretaria dará autonomia para decisões no Amazonas
19/04/2009
Autor: Raphael Cortezão
Fonte: Portal Amazônia - http://portalamazonia.globo.com/noticias.php?idN=82288&idLingua=1
MANAUS - A criação de uma secretaria destinada às questões indígenas do Amazonas foi bastante comemorada pelo presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Sateré, e o diretor-presidente da Fundação dos Povos Indígenas do Amazonas (Fepi), Bonifácio Baniwa. Segundo o governador Eduardo Braga, o órgão deverá ser criado em três meses.
Segundo os líderes indígenas, as decisões deixarão de ser apenas consultivas para se tornarem realidade. "Nossa política indigenista poderá ser mais bem implementada com a autonomia que uma secretaria de Governo oferece". Esse é um grande avanço para nosso povo, um presente especial do Dia do Índio", avaliou Jecinaldo.
Eles concederam entrevista especial ao Portal Amazônia sobre as principais conquistas dos indígenas no Amazonas e no Brasil entre os anos de 2008 e 2009.
Portal Amazônia: O que representa para o Estado a criação de uma Secretaria Indígena?
Bonifácio Baniwa: Primeiro significa avanço, porque o próprio governo federal não tinha uma política indigenista. O que se buscava era integrar o indígena à vida urbana. Há cerca de sete anos, começamos a discutir uma política de etnodesenvolvimento para fazer com que a sociedade entenda o índio e não só o índio entenda a sociedade. A criação da secretaria é um avanço enorme. Apenas com a Fepi, éramos vinculados a uma secretaria que tinha, entre outros vários assuntos, nossas causas. Com a criação da secretaria, passa a funcionar também o Conselho Estadual dos Povos Indígenas. Isso significa que nós poderemos planejar e implementar nossas políticas, junto ao governador para implantar as políticas públicas. A discussão da Fepi é mais discutir política e quem executa as ações são outras secretarias. Com a nova secretaria, nós vamos executar diretamente.
Jecinaldo Sateré: A criação da secretaria é uma reivindicação antiga do movimento indígena. Nós recebemos como uma grande conquista do movimento e das organizações e povos indígenas do Estado do Amazonas. De prático, tínhamos a Fepi, mas com a secretaria poderemos levar experiências positivas do trabalho junto ao governo. Os povos indígenas poderão ter uma participação mais direta nas decisões governamentais. Isso cria uma ligação dos povos indígenas com o Estado do Amazonas e mostra que o governo tem uma nova visão da luta, das demandas e que é preciso fazer política pública respeitando os indígenas e suas diferenças culturais. Com a secretaria, teremos maior autonomia perante as demandas de nossas comunidades.
Portal Amazônia: Como foi percebida pelos indígenas do Amazonas a decisão favorável à manutenção da demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima?
Bonifácio Baniwa: Muitos índios estão satisfeitos com a decisão porque a Justiça realmente garantiu os direitos de quem, de fato, tem direito. Não só os povos da Amazônia, como de todo o Brasil elogiaram a decisão da Justiça. Essa vitória não só representa a luta de nossos parentes de Roraima, mas dos indígenas de todo o Brasil. Se a justiça tivesse decidido o contrário, seria uma perda muito grande.
Jecinaldo Sateré: Foi uma conquista histórica para os indígenas de todo o Brasil, principalmente porque o Supremo manteve a terra em área contínua. Porém, o STF apresentou 19 condicionantes. Dessas 19 condicionantes, destacamos o item da revisão do processo de demarcação de novas terras indígenas. Vemos esse item com preocupação porque pode limitar a demarcação de novas terras indígenas no Brasil.
Portal Amazônia: Quais os motivos para comemorar o Dia do Índio este ano?
Bonifácio Baniwa: Esse é um ano indígena no Amazonas. Um ano de muito avanço para nós, e não só no Estado. Também tivemos avanço em nível nacional na questão da saúde indígena, pois será criada uma secretaria especial para cuidar disso. Além disso, aqui no Estado, estamos nos sentindo mais integrados em um grupo que muito contribuiu para essa política.
Jecinaldo Sateré: Nós somos todos brasileiros, todos seres humanos. Apenas nos diferenciamos pela cultura, pelo nosso modo de viver. Outras pessoas que são brasileiras e seguem suas culturas próprias. Temos que respeitar uns aos outros, não ficar dizendo que indígenas têm menos capacidade. Temos muitos desafios para enfrentar juntos, como as mudanças climáticas. Com isso, os povos indígenas adquirem uma importância maior, pois temos muitas terras indígenas que estão protegidas e garantimos que a maior parte dessa natureza que está protegida. Essa visão de futuro é um pensamento dos povos indígenas. Os brasileiros, a sociedade e o governo precisam compreender e valorizar para não destruirmos o que ainda temos.
As crianças e jovens, indígenas ou não, devem ser preparados como novas gerações para defender o mundo com mais Justiça. Devem compreender que podemos tirar da natureza o suficiente para o sustento e sobrevivência das outras gerações, e não só pensar em dinheiro. Precisamos fazer uma revolução do pensamento e da vida, respeitando um a outro. É só assim que poderemos avançar.
Segundo os líderes indígenas, as decisões deixarão de ser apenas consultivas para se tornarem realidade. "Nossa política indigenista poderá ser mais bem implementada com a autonomia que uma secretaria de Governo oferece". Esse é um grande avanço para nosso povo, um presente especial do Dia do Índio", avaliou Jecinaldo.
Eles concederam entrevista especial ao Portal Amazônia sobre as principais conquistas dos indígenas no Amazonas e no Brasil entre os anos de 2008 e 2009.
Portal Amazônia: O que representa para o Estado a criação de uma Secretaria Indígena?
Bonifácio Baniwa: Primeiro significa avanço, porque o próprio governo federal não tinha uma política indigenista. O que se buscava era integrar o indígena à vida urbana. Há cerca de sete anos, começamos a discutir uma política de etnodesenvolvimento para fazer com que a sociedade entenda o índio e não só o índio entenda a sociedade. A criação da secretaria é um avanço enorme. Apenas com a Fepi, éramos vinculados a uma secretaria que tinha, entre outros vários assuntos, nossas causas. Com a criação da secretaria, passa a funcionar também o Conselho Estadual dos Povos Indígenas. Isso significa que nós poderemos planejar e implementar nossas políticas, junto ao governador para implantar as políticas públicas. A discussão da Fepi é mais discutir política e quem executa as ações são outras secretarias. Com a nova secretaria, nós vamos executar diretamente.
Jecinaldo Sateré: A criação da secretaria é uma reivindicação antiga do movimento indígena. Nós recebemos como uma grande conquista do movimento e das organizações e povos indígenas do Estado do Amazonas. De prático, tínhamos a Fepi, mas com a secretaria poderemos levar experiências positivas do trabalho junto ao governo. Os povos indígenas poderão ter uma participação mais direta nas decisões governamentais. Isso cria uma ligação dos povos indígenas com o Estado do Amazonas e mostra que o governo tem uma nova visão da luta, das demandas e que é preciso fazer política pública respeitando os indígenas e suas diferenças culturais. Com a secretaria, teremos maior autonomia perante as demandas de nossas comunidades.
Portal Amazônia: Como foi percebida pelos indígenas do Amazonas a decisão favorável à manutenção da demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima?
Bonifácio Baniwa: Muitos índios estão satisfeitos com a decisão porque a Justiça realmente garantiu os direitos de quem, de fato, tem direito. Não só os povos da Amazônia, como de todo o Brasil elogiaram a decisão da Justiça. Essa vitória não só representa a luta de nossos parentes de Roraima, mas dos indígenas de todo o Brasil. Se a justiça tivesse decidido o contrário, seria uma perda muito grande.
Jecinaldo Sateré: Foi uma conquista histórica para os indígenas de todo o Brasil, principalmente porque o Supremo manteve a terra em área contínua. Porém, o STF apresentou 19 condicionantes. Dessas 19 condicionantes, destacamos o item da revisão do processo de demarcação de novas terras indígenas. Vemos esse item com preocupação porque pode limitar a demarcação de novas terras indígenas no Brasil.
Portal Amazônia: Quais os motivos para comemorar o Dia do Índio este ano?
Bonifácio Baniwa: Esse é um ano indígena no Amazonas. Um ano de muito avanço para nós, e não só no Estado. Também tivemos avanço em nível nacional na questão da saúde indígena, pois será criada uma secretaria especial para cuidar disso. Além disso, aqui no Estado, estamos nos sentindo mais integrados em um grupo que muito contribuiu para essa política.
Jecinaldo Sateré: Nós somos todos brasileiros, todos seres humanos. Apenas nos diferenciamos pela cultura, pelo nosso modo de viver. Outras pessoas que são brasileiras e seguem suas culturas próprias. Temos que respeitar uns aos outros, não ficar dizendo que indígenas têm menos capacidade. Temos muitos desafios para enfrentar juntos, como as mudanças climáticas. Com isso, os povos indígenas adquirem uma importância maior, pois temos muitas terras indígenas que estão protegidas e garantimos que a maior parte dessa natureza que está protegida. Essa visão de futuro é um pensamento dos povos indígenas. Os brasileiros, a sociedade e o governo precisam compreender e valorizar para não destruirmos o que ainda temos.
As crianças e jovens, indígenas ou não, devem ser preparados como novas gerações para defender o mundo com mais Justiça. Devem compreender que podemos tirar da natureza o suficiente para o sustento e sobrevivência das outras gerações, e não só pensar em dinheiro. Precisamos fazer uma revolução do pensamento e da vida, respeitando um a outro. É só assim que poderemos avançar.
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