De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Mais que espernear
05/05/2009
Autor: Jessé Souza *
Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=61307
Enquanto uns se esquivam do polêmico assunto Raposa Serra do Sol, que caminha para seu desfecho com a retirada de todos os ocupantes não-índios, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), outros mais espertos estão usando o tema para antecipar a campanha eleitoral de 2010.
Fazer mobilizações, participar de comissões externas e polemizar a questão na mídia significa isso mesmo: "estar na mídia". A tática de procurar ser preso pelos agentes federais também fazia parte desse plano de sair triunfal nos braços do povo, mas as autoridades federais que estão conduzindo esse processo de retirada não caíram na cilada.
Tudo o que se deseja nesse momento é sair como herói e se colocar no imaginário da população como alguém destemido, forte, contestador e merecedor da confiança de votos na urna eletrônica e dos que acham que a briga do arroz tem a ver com o grande fator gerador de riqueza do Estado.
Atacar essa questão consumada pelo Supremo representa não apenas o que se chama de "juris esperniandis" (o direito de espernear), mas tem planos muito mais ousados de sair como "defensor de Roraima" a fim de captar votos nas eleições que se avizinham.
Tradicionalmente os que buscam na mídia os cavalos de batalhas eleitorais souberam explorar esse tema a fim de ficarem bem perante a opinião pública, que por sua vez acaba não cobrando desses agentes nenhum projeto, nenhum plano de desenvolvimento nem avaliação de seus mandatos e cargos políticos.
O momento de agir era no passado, quando o processo de reconhecimento da terra indígena estava no começo. Mas nenhum desses políticos que aí está mostrou-se interessado na questão. Estavam todos preocupados com seus cavalos de batalha e com seus bolsos, achando que poderiam reverter a questão na base da canetada ou de influência em Brasília.
Agora nenhum consegue falar mais em paranóia da internacionalização. Não se vê ninguém dizendo que os "capacetes" azuis a qualquer momento vão aportar para tomar a Amazônia a partir de Roraima.
Simplesmente não usam mais esse discurso porque sabem que isso nunca foi verdade e hoje soa verdadeiramente como paranóia. Afinal, sempre souberam que demarcar uma área indígena ou uma reserva ambiental significa garantir que aquele pedaço de chão é verdadeiramente da União, onde há regras e normas a serem obedecidas por todos.
Mas, para usar esse discurso da paranóia, teriam que chamar 10 ministros da mais alta Corte do Brasil de loucos e lesa-pátrias. E também teriam que ter boa imaginação para recriar uma estória aos moldes dos filmes hollywoodianos.
* Articulista - jesse@folhabv.com.br - Visite o blog do autor: http://pajuaru.blogspot.com/
Fazer mobilizações, participar de comissões externas e polemizar a questão na mídia significa isso mesmo: "estar na mídia". A tática de procurar ser preso pelos agentes federais também fazia parte desse plano de sair triunfal nos braços do povo, mas as autoridades federais que estão conduzindo esse processo de retirada não caíram na cilada.
Tudo o que se deseja nesse momento é sair como herói e se colocar no imaginário da população como alguém destemido, forte, contestador e merecedor da confiança de votos na urna eletrônica e dos que acham que a briga do arroz tem a ver com o grande fator gerador de riqueza do Estado.
Atacar essa questão consumada pelo Supremo representa não apenas o que se chama de "juris esperniandis" (o direito de espernear), mas tem planos muito mais ousados de sair como "defensor de Roraima" a fim de captar votos nas eleições que se avizinham.
Tradicionalmente os que buscam na mídia os cavalos de batalhas eleitorais souberam explorar esse tema a fim de ficarem bem perante a opinião pública, que por sua vez acaba não cobrando desses agentes nenhum projeto, nenhum plano de desenvolvimento nem avaliação de seus mandatos e cargos políticos.
O momento de agir era no passado, quando o processo de reconhecimento da terra indígena estava no começo. Mas nenhum desses políticos que aí está mostrou-se interessado na questão. Estavam todos preocupados com seus cavalos de batalha e com seus bolsos, achando que poderiam reverter a questão na base da canetada ou de influência em Brasília.
Agora nenhum consegue falar mais em paranóia da internacionalização. Não se vê ninguém dizendo que os "capacetes" azuis a qualquer momento vão aportar para tomar a Amazônia a partir de Roraima.
Simplesmente não usam mais esse discurso porque sabem que isso nunca foi verdade e hoje soa verdadeiramente como paranóia. Afinal, sempre souberam que demarcar uma área indígena ou uma reserva ambiental significa garantir que aquele pedaço de chão é verdadeiramente da União, onde há regras e normas a serem obedecidas por todos.
Mas, para usar esse discurso da paranóia, teriam que chamar 10 ministros da mais alta Corte do Brasil de loucos e lesa-pátrias. E também teriam que ter boa imaginação para recriar uma estória aos moldes dos filmes hollywoodianos.
* Articulista - jesse@folhabv.com.br - Visite o blog do autor: http://pajuaru.blogspot.com/
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