De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
PF encontra munição em duas reservas
02/07/2009
Autor: ANDREZZA TRAJANO
Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/
Em uma semana, a Polícia Federal (PF) registrou a presença ilegal de diversas cartelas de munição nas terras indígenas Yanomami e Raposa Serra do Sol. A situação deixa claro o comércio ilegal e o fácil trânsito do material nas reservas.
Ainda que nos dois casos as munições sejam de uso permitido, as ocorrências são preocupantes e exigem investigação profunda das autoridades. Duas pessoas foram presas e dois inquéritos estão em andamento.
Um índio yanomami é suspeito de levar munição para o interior da reserva, que fica localizada a noroeste de Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Em depoimento, os acusados se dividem entre o destino final do produto. Há quem leve a munição para garimpeiros e há quem insista que as balas são destinadas à caça.
RAPOSA - Na terça-feira passada, agentes da Operação Upatakon 3 apreenderam 155 cartuchos nos calibres 12, 16, 20, 28 e 36, além de 42 tubos de pólvora, 10 quilos de balins de chumbo e 12 latas de espoleta, em poder do motorista de ônibus R.D.M, que tentava levar o material para um garimpeiro, na Vila do Mutum, na fronteira do Brasil com a Guiana.
O motorista, que não tem registro de arma de fogo, admitiu ter cometido o crime várias vezes. Em cada viagem, ganhava R$ 180. Afirmou em depoimento à polícia que comprava as munições de uma loja no bairro Asa Branca. Diante das afirmações, o proprietário da loja, J.B.C., foi preso.
YANOMAMI - No último dia 24, a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a posse de munições em poder dos índios yanomami A.Y. e B.Y., da maloca Paapiu. Com o primeiro, foram encontrados 80 cartuchos de munição de calibre permitido, que segundo ele estão avaliados em R$ 1.200,00.
Em poder do segundo, havia 85 cartuchos, 100 espoletas, uma sacola com balins de chumbo para caça e uma caixa com fogos de artifício. Todas as munições apreendidas são dos calibres 10, 20 e 22. Eles alegam que o material seria usado para caçar.
As munições foram encontradas no dia 22, dentro de uma panela, por agentes da Fundação Nacional do Índio (Funasa), que traziam os indígenas para Boa Vista. Apenas dois dias depois a Funasa comunicou o fato à PF.
"As munições foram apreendidas, mas ninguém foi preso porque o estado de flagrante não existia mais, devido ao tempo para a notificação", explicou o delegado Rodolfo Saldanha, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários (Delefaz).
Ontem A.Y. foi até a Polícia Federal acompanhado de um representante da Funasa solicitar a restituição da munição ou o valor da mercadoria. Agentes da PF junto com o servidor da Funasa levaram o indígena ao bairro 13 de Setembro, próximo à Rodoviária Internacional de Boa Vista, onde ele disse ter comprado a munição, para que fizesse o reconhecimento da loja. Chegando lá, ele apontou aos policiais a loja especializada onde adquiriu a munição.
"Como ele afirmou não possuir registro de arma de fogo nem seu amigo, nenhum deles poderia adquirir munição e muito menos a loja vender a eles, o que demonstra infração ao Estatuto do Desarmamento", ressaltou o delegado, que promete apurar o comércio ilegal de munição em Boa Vista.
Conduta dos indígenas precisa ser investigada, diz delegado
"As versões dos indígenas de que as munições e armas de fogo que entram nas reservas são trazidas por garimpeiros não é bem como contam. Estamos percebendo duas apreensões seguidas de munições destinadas a duas reservas indígenas, absolutamente distintas. O que nos leva a crer, que não apenas garimpeiros transportam este tipo de produto para o interior das reservas como afirmam os indígenas", disse o delegado Rodolfo Saldanha.
"Ou seja, os próprios indígenas estão adquirindo armas e munições em Boa Vista, seja para caçar ou qualquer outra finalidade e estão levando para o interior das reservas", completou.
Segundo ele, todas as ocorrências serão repassadas ao Exército, uma vez que a comercialização de armas e munição é outorgada pela instituição. "Percebe-se uma nítida infração ao Estatuto do Desarmamento que vai ser objeto de investigação policial e os responsáveis serão investigados e evidentemente punidos", ponderou.
Três foram presos por porte ilegal de armas no ano passado
Em novembro do ano passado, agentes da Operação Upatakon prenderam duas pessoas na Raposa Serra do Sol por porte ilegal de arma de fogo, munição e suspeita de financiar garimpo. Foram presos um índio e um não-índio.
Com o não-índio foi encontrado 400 litros de combustível e com o indígena, os policiais encontraram 800 litros de combustível, uma espingarda calibre 20, uma pistola 6.35 e 110 munições de calibres diversos. Os dois foram presos em Mutum.
Dias depois uma nova prisão ocorreu na reserva, desta vez na região do Passarão. Policiais da Upatakon encontraram em poder de um não-índio várias munições. Ao ser preso, ele declarou que possuía duas armas de fogo para sua segurança. Similar aos outros casos, não possuía porte de arma.
Ainda que nos dois casos as munições sejam de uso permitido, as ocorrências são preocupantes e exigem investigação profunda das autoridades. Duas pessoas foram presas e dois inquéritos estão em andamento.
Um índio yanomami é suspeito de levar munição para o interior da reserva, que fica localizada a noroeste de Roraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Em depoimento, os acusados se dividem entre o destino final do produto. Há quem leve a munição para garimpeiros e há quem insista que as balas são destinadas à caça.
RAPOSA - Na terça-feira passada, agentes da Operação Upatakon 3 apreenderam 155 cartuchos nos calibres 12, 16, 20, 28 e 36, além de 42 tubos de pólvora, 10 quilos de balins de chumbo e 12 latas de espoleta, em poder do motorista de ônibus R.D.M, que tentava levar o material para um garimpeiro, na Vila do Mutum, na fronteira do Brasil com a Guiana.
O motorista, que não tem registro de arma de fogo, admitiu ter cometido o crime várias vezes. Em cada viagem, ganhava R$ 180. Afirmou em depoimento à polícia que comprava as munições de uma loja no bairro Asa Branca. Diante das afirmações, o proprietário da loja, J.B.C., foi preso.
YANOMAMI - No último dia 24, a Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a posse de munições em poder dos índios yanomami A.Y. e B.Y., da maloca Paapiu. Com o primeiro, foram encontrados 80 cartuchos de munição de calibre permitido, que segundo ele estão avaliados em R$ 1.200,00.
Em poder do segundo, havia 85 cartuchos, 100 espoletas, uma sacola com balins de chumbo para caça e uma caixa com fogos de artifício. Todas as munições apreendidas são dos calibres 10, 20 e 22. Eles alegam que o material seria usado para caçar.
As munições foram encontradas no dia 22, dentro de uma panela, por agentes da Fundação Nacional do Índio (Funasa), que traziam os indígenas para Boa Vista. Apenas dois dias depois a Funasa comunicou o fato à PF.
"As munições foram apreendidas, mas ninguém foi preso porque o estado de flagrante não existia mais, devido ao tempo para a notificação", explicou o delegado Rodolfo Saldanha, titular da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários (Delefaz).
Ontem A.Y. foi até a Polícia Federal acompanhado de um representante da Funasa solicitar a restituição da munição ou o valor da mercadoria. Agentes da PF junto com o servidor da Funasa levaram o indígena ao bairro 13 de Setembro, próximo à Rodoviária Internacional de Boa Vista, onde ele disse ter comprado a munição, para que fizesse o reconhecimento da loja. Chegando lá, ele apontou aos policiais a loja especializada onde adquiriu a munição.
"Como ele afirmou não possuir registro de arma de fogo nem seu amigo, nenhum deles poderia adquirir munição e muito menos a loja vender a eles, o que demonstra infração ao Estatuto do Desarmamento", ressaltou o delegado, que promete apurar o comércio ilegal de munição em Boa Vista.
Conduta dos indígenas precisa ser investigada, diz delegado
"As versões dos indígenas de que as munições e armas de fogo que entram nas reservas são trazidas por garimpeiros não é bem como contam. Estamos percebendo duas apreensões seguidas de munições destinadas a duas reservas indígenas, absolutamente distintas. O que nos leva a crer, que não apenas garimpeiros transportam este tipo de produto para o interior das reservas como afirmam os indígenas", disse o delegado Rodolfo Saldanha.
"Ou seja, os próprios indígenas estão adquirindo armas e munições em Boa Vista, seja para caçar ou qualquer outra finalidade e estão levando para o interior das reservas", completou.
Segundo ele, todas as ocorrências serão repassadas ao Exército, uma vez que a comercialização de armas e munição é outorgada pela instituição. "Percebe-se uma nítida infração ao Estatuto do Desarmamento que vai ser objeto de investigação policial e os responsáveis serão investigados e evidentemente punidos", ponderou.
Três foram presos por porte ilegal de armas no ano passado
Em novembro do ano passado, agentes da Operação Upatakon prenderam duas pessoas na Raposa Serra do Sol por porte ilegal de arma de fogo, munição e suspeita de financiar garimpo. Foram presos um índio e um não-índio.
Com o não-índio foi encontrado 400 litros de combustível e com o indígena, os policiais encontraram 800 litros de combustível, uma espingarda calibre 20, uma pistola 6.35 e 110 munições de calibres diversos. Os dois foram presos em Mutum.
Dias depois uma nova prisão ocorreu na reserva, desta vez na região do Passarão. Policiais da Upatakon encontraram em poder de um não-índio várias munições. Ao ser preso, ele declarou que possuía duas armas de fogo para sua segurança. Similar aos outros casos, não possuía porte de arma.
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.